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STJD denuncia Carol Solberg pelo grito de 'Fora Bolsonaro'

Jogadora de vôlei pode ser suspensa por 6 partidas e pagar multa de R$ 100 mil

Por Portal Eu, Rio! em 29/09/2020 às 10:04:34

Carol Solberg gritando "Fora Bolsonaro". Foto: Reprodução

A procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciou a jogadora Carol Solberg ao tribunal com base em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): o 191 — deixar de cumprir o regulamento da competição — e o 258 — assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras do código. Pelo primeiro, a punição varia de R$ 100 a R$ 100 mil. Pelo segundo, suspensão de uma a seis partidas.

O termo de participação do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia 2020/2021, anexo ao regulamento do torneio, os jogadores se comprometem "a não divulgar, através dos meios de comunicações, sua opinião pessoal ou informação que reflita críticas ou possa, direta ou indiretamente, prejudicar ou denegrir a imagem da CBV e/ou os patrocinadores e parceiros comerciais das competições".

comprovado descumprimento" dessa regra prevê que o atleta pode ter sua participação vetada pela CBV na próxima etapa do circuito. No entender da procuradoria do STJD do vôlei, Carol teria descumprido esse trecho do regulamento, de acordo com a denúncia assinada pelo subprocurador geral Wagner Vieira Dantas.

Na denúncia, Dantas argumenta que a manifestação aconteceu na arena de jogo, "com a utilização do microfone da estrutura paga por patrocinadores do evento", "utilizando a mídia como instrumento de divulgação de sua opinião", e "perante o público que compareceu especificamente para assistir a uma partida de voleibol, e não para assistir a uma manifestação política de uma atleta, que acabou por externar um sentimento pessoal de valor sem que ninguém sequer lhe houvesse perguntado". O evento não teve público.

Entenda o caso

O caso ocorreu após a partida pelo bronze da etapa de Saquarema (RJ) do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia. No final do jogo, Carol Solberg disse: "Fora, Bolsonaro" em entrevista ao SporTV, que transmitia o torneio domingo de manhã. A súmula do jogo, porém, não cita a fala, ocorrida depois que a súmula foi fechada e, o jogo, dado como encerrado.

Após a declaração repercutir, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu nota repudiando a postura da Carol. No entender da confederação, a jogadora "denegriu" a modalidade - o termo é considerado racista. A Comissão Nacional de Atletas de Vôlei de Praia, presidida por Emanuel Rego, também criticou Carol, avisando que vai lutar pela proibição de posicionamentos do tipo. Emanuel foi embaixador do Banco do Brasil, secretário no governo Bolsonaro, e tem promessa de voto da CBV na eleição do COB.

Nas redes sociais, perfis bolsonaristas atacaram Carol e cobraram que o Banco do Brasil retire o patrocínio a ela. Carol, na verdade, não é patrocinada pelo banco. Diversos perfis bolsonaristas também reproduziram notícia falsa sobre um site de apostas ter cancelado o patrocínio à jogadora. Esse patrocínio, porém, se encerrou em novembro de 2019, quando Carol encerrou dupla com Maria Elisa.

OAB e ABI se manifestam

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Paulo Geronimo, se manifestou sobre o caso. “Recebi com perplexidade a notícia de que a atleta Carol Solberg foi denunciada pelo STJD por ter se manifestado politicamente. Ora, que lei proíbe a manifestação política de atletas? E por que jogadores bolsonaristas – inclusive da seleção masculina de vôlei – se manifestaram livremente sem que tenham sido incomodados? É preciso deixar claro que o fato de alguém ser um atleta não lhe retira o direito de expressar suas opiniões", disse, informando que "diante do acontecido, a ABI presta integral apoio a Carol e fará o mesmo com qualquer outro esportista ameaçado de punição por se manifestar politicamente.”

Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, defenderá o direito de livre manifestação de Carol Solberg perante o STJD. A mãe de Carol, a ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, fez o pedido.

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