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Hanseníase tem cura, mas miséria é fator de risco

Brasil é o segundo país do mundo em casos registrados

Por Cristina Ramos em 22/08/2018 às 00:30:13

Antigamente conhecida como lepra, a doença tem cura se diagnosticada logo no início. Não existe vacina. (Foto: saude.culturamix)

A hanseníase concretiza a desigualdade. Os negros (pretos e pardos) são 71,7% dos casos da doença no período de 2012 a 2016, segundo o Ministério da Saúde. E os analfabetos com ensino fundamental incompleto são 55% das notificações, quando classificados por escolaridade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 143 países reportaram 214.783 casos novos de hanseníase, no ano de 2016, o que representa uma taxa de 2,9 casos por 100 mil habitantes. No Brasil, no mesmo ano, foram notificados 25.218 casos novos, perfazendo uma taxa de detecção de 12,2/100 mil habitantes. Com esses parâmetros, o Brasil se classifica como o segundo país com maior número de casos novos de hanseníase registrados no mundo, abaixo somente da Índia.

"A doença tem cura há décadas e só prolifera na pobreza extrema por não ter sido erradicada, como ocorreu em quase todo o mundo", relata Marco Andrey Frade, do Centro de Referência em Dermatologia Sanitária da USP. A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo agente etiológico Mycobacterium leprae. A magnitude e o alto poder incapacitante mantêm a doença como um problema de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde (MS), dentre as doenças infecciosas, a hanseníase é considerada uma das principais causas de incapacidades físicas, em razão do seu potencial de causar lesões neurais.

A miséria é um fator de risco

A doença pode se manifestar de diferentes formas. Vai depender de fatores relacionados ao indivíduo, tais como sexo, idade e susceptibilidade genética ou às coletividades - por exemplo, condições socioeconômicas e geográficas. O contato precisa ser frequente, o que acontece em habitações precárias, onde famílias vivem num único cômodo. "A aglomeração da miséria é o maior fator de risco", explica Frade.

Diversos autores têm apontado a hanseníase e as formas multibacilares (MB) da doença mais frequentes nos homens do que nas mulheres. Esse predomínio é explicado geralmente pela maior exposição ao bacilo e pelo menor cuidado de indivíduos do sexo masculino com a saúde, o que retarda o diagnóstico e aumenta o risco para o desenvolvimento de incapacidades físicas.

As incapacidades físicas na hanseníase são importantes sinalizadores do diagnóstico tardio e manifestam-se por perda de sensibilidade protetora, diminuição da força muscular e/ou surgimento de deformidades visíveis. Ocorrem nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.

Classifica-se o caso de hanseníase como incapacidade grau 0, quando a força muscular e a sensibilidade desses segmentos estão preservadas; grau 1, quando há diminuição da força muscular e/ou diminuição de sensibilidade; e grau 2, quando há deformidade visível nas mãos e/ou pés e/ou olhos.

Sintomas

Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio) e tátil (ao tato). Área de pele seca com falta de suor, com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas; sensação de formigamento. Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.

Diagnóstico

O diagnóstico no caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico.

Transmissão

A hanseníase é transmitida principalmente através das gotículas da saliva, tosse e espirro. Apresenta longo período de incubação, em média, de dois a sete anos.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza de tratamento poliquimioterápico (PQT) recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequên­cia, quando se utiliza apenas um medicamento, e impossibilita a cura da doença.

Prevenção

A assistência prestada à população está nas unidades de saúde dos municípios brasileiros. É preciso investigar contatos domiciliares e sociais dos casos diagnosticados, conforme recomendações das Diretrizes para vigilância, para atenção e controle da doença no país.

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