Manifestantes contrários a medidas de lockdown se reuniram no centro de Londres no sábado (17/10), horas depois que a capital britânica passou para o segundo nível mais alto de alerta contra a covid-19. Londres, principal centro financeiro da Europa e onde vivem 9 milhões de habitantes, adotou lockdown mais rígido contra a covid-19 desde o primeiro minuto de sábado (17/10), agora que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tenta enfrentar uma segunda onda crescente do novo coronavírus.
A pandemia respiratória, que surgiu na China no ano passado e já matou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, está se disseminando em grande parte do Reino Unido, que tem o maior número oficial de mortes da Europa: 43.155. Neste sábado, 57% da população do Reino Unido viviam sob restrições mais rígidas contra a covid-19.
Mas a irritação está aumentando por causa dos custos econômicos, sociais e de saúde das maiores restrições de liberdade desde os tempos de guerra, em que a capital britânica chegou a ser bombardeada pela aviação nazista e passou meses com a população em abrigos subterrâneos, como as estações de metrô. Um ex-conselheiro do governo alertou que algumas pessoas terão dificuldade para vestir os filhos em breve. À medida que uma segunda onda de infecções ganha velocidade, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson intensificou as restrições em partes da Inglaterra onde os casos estão aumentando - na esperança de proteger a economia e permitir que as regiões menos afetadas permaneçam abertas.
Desde os primeiros instantes de sábado, Londres passou para o "nível 2" ou "alto risco". Isso proíbe pessoas de encontrar alguém fora de sua casa ou "bolhas de apoio" - incluindo amigos ou parentes que ajudam a cuidar de crianças - em qualquer ambiente interno.
As regras também proíbem mais de seis pessoas de se encontrar ao ar livre, embora a polícia tenha optado por não aplicá-las enquanto milhares de ativistas antilockdown marchavam pela Oxford Street, uma das ruas comerciais mais movimentadas do mundo em tempos normais.
Os manifestantes consideram as restrições contra a covid-19 desnecessárias e uma violação dos direitos humanos. Alguns se opõem ao uso de máscaras e à vacinação. Muitos carregavam cartazes dizendo: "Meu corpo, minha escolha, não às máscaras obrigatórias".
"Há muitas coisas que podem matá-lo, você sabe, pode acontecer qualquer dia", disse o manifestante Aragorn Kyley, 17 anos. "É sobre viver, não apenas sobreviver. Queremos ser capazes de desfrutar de nossas vidas, não apenas ficar presos em casa."
O secretário de Saúde, Matt Hancock, advertira na sexta-feira (16/10) que o nível de alerta de Londres, assim como do populoso condado adjacente de Essex, passará de "médio" para "alto" um minuto após a meia-noite.
"Para todos que trabalham na nossa grande capital: quero agradecê-los pelo que fizeram para suprimir o vírus uma vez, agora todos temos que fazer nossa parte para controlar o vírus mais uma vez", disse Hancock. "Sei dos sacrifícios que isso significa, mas sei que, se trabalharmos juntos, podemos vencer."
"Preciso alertar os londrinos: temos um inverno duro pela frente", disse o prefeito Sadiq Khan. Na capital, cujo distrito financeiro só compete com o de Nova York, as áreas mais afetadas são Richmond, Hackney, a City de Londres, Ealing, Redbridge e Harrow.
Há informações de que Manchester, cidade do Norte da Inglaterra e uma das maiores do Reino Unido, passaria de um alerta "muito alto" para "alto", mas Hancock disse que as conversas com líderes municipais estão em andamento e que ainda não foi tomada uma decisão.
Boris Johnson, que obteve grande vitória eleitoral em dezembro, afirmou que seu governo está travando uma guerra contra o vírus e que alguns sacrifícios são necessários para salvar vidas. Opositores, no entanto, dizem que o governo demorou demais para agir quando o vírus emergiu, não protegeu os idosos em casas de repouso e fracassou na implantação do sistema de exames.
Fonte: Agência Brasil