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Eduardo Bandeira de Mello: "A dívida deixou de ser um problema para o Flamengo"

Presidente rubro-negro fala sobre estádio, melhorias na Gávea e política

Por Rosária Farage em 23/08/2018 às 12:50:29

Presidente Eduardo Bandeira de Mello falou com exclusividade ao portal Eu, Rio! (Foto: Gilvan de Souza/CRF)

Uma máquina de fazer dinheiro. Essa é a melhor descrição para o atual momento do Flamengo no cenário nacional. E isso é comprovado durante a entrevista EXCLUSIVA que o presidente Eduardo Bandeira de Mello cedeu ao portal Eu, Rio! Descreveu todo trabalho e estrutura da sua gestão. Afirmou que dívidas não preocupam mais o clube. Disse que o contrato atual com o Maracanã ainda não é o ideal, o objetivo é a concessão ou estádio próprio. E vislumbrou ser campeão de tudo investindo e apostando na base. Confira a entrevista na íntegra e entenda porque o Flamengo não para de crescer:

EU, RIO: Objetivo do grupo que formou a chapa azul de modernização, foco na gestão e profissionalização do clube foi alcançado?

BANDEIRA: Foi plenamente alcançado. O clube hoje está sendo gerido de maneira profissional. O Flamengo tem um corpo de executivos de fazer inveja as melhores empresas do Brasil. Tem um corpo de vice-presidentes, que são amadores, que funciona como se fosse um conselho de administração. Eles trabalham no plano estratégico, formulando diretrizes, cobrando resultados. Agora, o dia-a-dia do Flamengo é totalmente tocado por profissionais. Acho que esse é o segredo do sucesso do Flamengo.

EU, RIO: A que o Sr. atribui o fato de ter mais votos na reeleição que na primeira candidatura?

BANDEIRA: Foi um reconhecimento de que estávamos no caminho certo. Ainda estamos. Em 2015, na reeleição, ainda tivemos uma dissidência do nosso grupo que concorreu contra e ainda assim nós tivemos mais votos que no primeiro pleito, maioria absoluta, mais votos que os outros dois candidatos juntos.

EU, RIO: Pode nos dizer em números o porquê do sucesso da sua gestão, considerada modelo para o esporte brasileiro e sendo inclusive destaque no New York Times?

BANDEIRA: Quando chegamos a dívida do Flamengo era considerada insolúvel. Toda matéria sobre a eleição versava sobre a dívida que ninguém nem sabia o quanto era. Fizemos uma auditoria logo nos primeiros dias da gestão para saber o valor exato da dívida, em torno de 750 milhões de reais, que com alguns penduricalhos que apareceram depois se mostrou maior ainda. Cinco anos e meio depois a dívida foi reduzida a menos da metade. Hoje a dívida do Flamengo está um pouco mais de trezentos milhões de reais e totalmente equacionada num longo prazo. A dívida deixou de ser um problema para o Flamengo. Nosso faturamento na época era da ordem de 220 milhões/ano. Hoje passa de 600 milhões/ano. Reduziu drasticamente a dívida e aumentamos de forma espetacular o faturamento. Então hoje o Flamengo é exemplo de administração financeira, esportiva. Citado por várias fontes de imprensa no Brasil e no exterior. Aos longo desses anos conseguimos várias vitórias, não só na área gerencial - ganhamos todos os prêmios de transparência neste tempo - como na área esportiva. Para que você consiga êxito na área esportiva, precisa ter uma base sólida financeira. Outra coisa que fizemos foi investir muito em infraestrutura. O Flamengo tinha um barracão que servia de centro de treinamento e hoje temos um dos melhores centros de treinamento do Brasil. E estamos construindo um outro que com certeza vai ser o melhor do Brasil e o que temos hoje vai ficar para a base. Ainda este ano vamos inaugurar o nosso segundo centro de treinamento, que é um centro de referência internacional e o atual será totalmente dedicado à base. Entendo que trabalhar a base é o mais importante num clube de futebol. O Flamengo no passado era reconhecido como um clube formador de atleta, fomos campeões do mundo com oito jogadores dos onze formados em casa, perdemos está competência e agora estamos recuperando. Um trabalho de longo prazo que já começou e nos permite ganhar vários títulos da base. Em três Copinhas ganhamos duas, temos jogadores convocados para Seleção em todas as categorias, desde 11 anos até o sub 20. Estamos com tudo pronto para chegar aonde realmente interessa que são as vitórias no time profissional.

EU, RIO: Mas no futebol profissional, apesar das grandes contratações, o time ainda não conquistou um título de grande expressão como Libertadores ou Campeonato Brasileiro. Na sua visão administrativa, o que está faltando para alcançar tal objetivo?

BANDEIRA: Vai ser consequência do trabalho que estamos fazendo: investimento na solidez financeira, na estrutura, ciência do esporte, área de capacitação para inteligência, análise de mercado, infraestrutura física e base. Tudo isso somado é receita de sucesso para ganhar tudo no profissional. Isso não acontece de uma hora para outra. E futebol não pode garantir que vai ganhar o próximo jogo, mas garantir que fez um trabalho que vai dar condições vantajosas diante dos adversários para ganhar tudo daqui para frente.

EU, RIO: Mas houve um período em que tanto torcedores como sócios do clube estiveram insatisfeitos, colocando que não adiantava cuidar da área administrativa se não gerisse bem o futebol?

BANDEIRA: Tivemos que fazer sacrifícios no começo. Sacrificamos objetivos esportivos e sociais do clube em benefício da gestão, credibilidade e dignidade do nosso torcedor. A torcida nos apoiou, entendeu perfeitamente. E hoje, ainda que não tenhamos alcançado todos os resultados que almejamos no futebol, a maioria esmagadora da torcida reconhece o esforço e se sente recompensada de ter um clube que é considerado como clube cidadão, que cumpre seus compromissos, que não frequenta os noticiários esportivos com noticias de atraso de salário, não cumprimento de compromissos e contratos não pagos. Coisa tão comum em alguns clubes, mas que no Flamengo não existe mais.

EU, RIO: O Basquete na sua gestão foi 4 vezes campeão do NBB (2013 a 2016), campeão da Liga das Américas e do Mundial Interclubes em 2014. O que tem sido feito para o sucesso desse esporte em especial e dos demais esportes no clube, além do futebol?

BANDEIRA: Basquete é o segundo esporte na preferência da nossa torcida. De 6 NBB conseguimos ganhar 4. Basquete no Flamengo chegou a um nível de excelência que gostaríamos de atingir no futebol e que certamente vamos atingir. Mas claro que o investimento para fazer um time de basquete é muito menor do que para fazer um time de futebol. E nos outros esportes também a intenção do Flamengo é fazer um time de excelência sempre partindo da base, que é feito desde as escolinhas. Evitar contratar um medalhão só para dizer que é atleta do Flamengo, ganhar uma medalha e na realidade não serve nem de exemplo para garotada. A gente quer formar uma base que lá na frente irá ganhar todas as medalhas.

EU, RIO: Já passeou pela sua cabeça que o Flamengo crescendo desta forma e seus principais rivais cariocas na contramão disso tudo, com dúvidas que só fazem crescer, o clube no futuro esteja num patamar tão elevado que nem dispute as mesmas competições?

BANDEIRA: A obrigação do Flamengo é sempre trabalhar para estar no maior nível possível. Mas acho que o trabalho que o Flamengo fez pode ser seguido pelos os outros clubes que também tem grandes torcidas e tradição. Tanto que os confrontos entre os times cariocas são parelhos. Sei que alguns deles estão passando dificuldades, mas acho que a receita do Flamengo pode ser seguida e com algum sacrifício eles podem retornar ao caminho da grandeza que sempre tiveram.

EU, RIO: Por que e para que você se filiou a um partido político? Já definiu a qual cargo irá se candidatar?

BANDEIRA: Está definido que vou me candidatar a deputado federal pela Rede. Entrei no partido porque sou um velho eleitor e admirador da Marina Silva. Entrei para ajudar o projeto de fazer a Marina presidente da República e por solicitação dela acabei me tornando candidato. De maneira nenhuma quero misturar isso com o Flamengo. Tenho compromisso de cuidar do Flamengo até o último dia do meu mandato. Ainda que isso sacrifique meus projetos pessoais, foi ficar no Flamengo dando a mesma dedicação até o final do mandato. E se vier a assumir algum cargo será apenas depois que eu já tiver saído daqui. Após seis anos me dedicando ao Flamengo é natural que eu quisesse me aventurar em algum projeto, seja no setor público ou privado. Tenho que planejar isso agora para chegar em 2019 com uma atividade nova.

EU, RIO: Em que a candidatura a deputado federal pode atrapalhar ou ajudar seu trabalho no Flamengo?

BANDEIRA: A candidatura não vai atrapalhar o Flamengo porque já deixei claro que não vou abandonar o clube um só segundo. Não existe a menor possibilidade de eu negligenciar meu trabalho aqui por conta de nenhum projeto pessoal. Acho que no futuro pode ajudar, o Flamengo e os esportes em geral. A gente entra neste tipo de empreendimento sempre com o objetivo positivo.

EU, RIO: O futebol, carro-chefe do clube, teve derrotas que podem alterar o planejamento de conquistas para 2018. O Sr. acha que isso possa ter influência negativa em relação ao candidato da situação a presidência do Flamengo na próxima eleição?

BANDEIRA: O sócio do Flamengo, eleitor, está vendo o trabalho que está sendo feito. Está avaliando tudo. A campanha do Flamengo este ano, apesar de estar em segundo lugar a um ponto do líder, é a melhor de todos os tempos. Nunca teve uma campanha tão boa nos pontos corridos. A questão da solidez econômica e financeira está sendo também avaliada por todos. Todo nosso trabalho de base que já está nos permitindo ter jogadores formados em casa no time de cima e trabalho de infraestrutura que é todo voltado para o futebol. É claro que uma derrota aqui e ali nos deixa chateados, como uma vitória nos deixa até mais eufóricos do que deveríamos, porém tenho certeza que o sócio do Flamengo vai avaliar nossa administração de uma maneira global.

EU, RIO: No início do seu mandato o senhor se declarou um torcedor de arquibancada apaixonado pelo Flamengo, o que muda quando se tem a responsabilidade de administrar o clube e o futebol?

BANDEIRA: Continuo um torcedor apaixonado, só não sou mais de arquibancada. Estou sendo de camarote por razões de segurança, mas quando terminar o meu mandato com certeza vou voltar pra lá. Procuro agir da forma mais tranquila possível, sem deixar que as paixões interfiram na administração do clube, porque é uma questão de responsabilidade. Gosto tanto do Flamengo que não me permito fazer algo que possa atrapalhar o clube lá na frente. Não posso agir com a emoção de um torcedor apaixonado, mas sou. E de vez em quando até dou algumas demonstrações que não deveria.

EU, RIO: Quais foram as melhorias estruturais feitas durante a sua gestão? Teve algo planejado que ainda não foi concluído?

BANDEIRA: Ao meu ver a Gávea. Veja como está agora e como era quando chegamos? Vamos começar a obra da Arena de Basquete, multiuso, que era um sonho nosso. As melhorias na Gávea vão continuar. Provavelmente teremos um restaurante de alto nível aqui, com vista para a Lagoa, que era uma velha demanda dos sócios, que às vezes vêm pra cá e não tem onde almoçar com a família. Vamos inaugurar um cinema. Vamos inaugurar um museu. O sócio do Flamengo, mesmo o que não gosta de futebol, vai ter muitas atrações aqui para desfrutar.

EU, RIO: No futebol, a efetivação do Mauricio Barbieri foi um acerto? Em que momento foi tomada esta decisão?

BANDEIRA: Não tenho a menor dúvida que foi um acerto. A partir do momento que a vaga de abriu, nós colocamos o Mauricio para preencher porque tínhamos total confiança nele. A única questão que nos fez demorar a efetiva-lo foi porque muitas vezes por mais competência técnica que um profissional tenha, às vezes demonstra menos resistência a pressões externas. Mas ó Maurício foi perfeito. Não se deixou abater por comentários até mal-educados que alguns jornalistas ou sócios fizeram. E hoje tenho certeza de que ele pode ser considerado um dos melhores técnicos do Brasil.

EU, RIO: O Flamengo ainda pretende contratar algum reforço?

BANDEIRA: É possível. Não podemos mais inscrever para a Copa do Brasil nem Libertadores. Mas para o Campeonato Brasileiro até o início de setembro podemos contratar. Se houver necessidade vamos fazer. Mas ainda não tem necessidade.

EU, RIO: Qual foi o planejamento das suas duas gestões para o futebol rubro-negro e ele está sendo cumprido?

BANDEIRA: Planejamento foi de tornar o futebol cada vez mais forte dentro das nossas possibilidades. Sem fazer nenhum tipo de irresponsabilidade. O planejamento está sendo seguido à risca e sempre realimentado pelo processo de definição de metas, de apuração de resultados, tudo como um sociedade anônima muito bem administrada faz.

EU, RIO: Ainda este ano o senhor declarou que o Flamengo tem recursos para comprar um terreno e construir estádio próprio. Após a declaração houve um novo acordo com o Maracanã. A ideia de ter o próprio estádio foi interrompida ou adiada?

BANDEIRA: O Flamengo vai trabalhar sempre com as duas possibilidades. Porque o contrato com o Maracanã ainda não nos satisfaz. O ideal seria que tivesse uma nova licitação para concessão do Maracanã e o Flamengo se habilitar como concessionário, aí sim, se o Flamengo fosse definido como concessionário do Maracana, a gente poderia abandonar o sonho do estádio próprio porque teríamos a concessão do Maracanã. Seria necessário fazer investimentos no próprio Maracanã pra que a gente tivesse essa viabilidade não só econômica e financeira , mas também esportiva cada vez mais definida. Agora, se as autoridades estaduais não tiverem a sensibilidade e a visão de que o Maracanã sem o Flamengo não sobrevive, nós, infelizmente para o contribuinte estadual, vamos ter que partir para o projeto do estádio próprio. Hoje é perfeitamente possível o Flamengo comprar um terreno e construir um estádio que vai demorar quatro anos para ser construído, porém se não houver jeito de assumirmos o Maracanã, vamos partir para isso. Já temos algo em vista. É nossa obrigação.

EU, RIO: Como é o contrato atual com o Maracanã?

BANDEIRA: É um contrato provisório que pelo menos nos dá um horizonte de que vamos estar sempre jogando no Maracanã. As condições financeiras ainda estão longe de ser as melhores. Até porque, para o Maracanã ser viável, requer uma série de investimentos que o Flamengo tem condições de fazer, e aí sim, vai ser a casa do Flamengo com todas as características de rentabilidade e benefícios esportivos que podemos imaginar.

EU, RIO: Algum recado para a nação rubro-negra?

BANDEIRA: Gostaria que continuassem acreditando no Flamengo, na administração e participando cada vez mais, através do programa Sócio-Torcedor que hoje já é a nossa segunda fonte de receita e espero que muito em breve possa ser a primeira.
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