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Bolsonaro festeja no Planalto vermífugo contra a Covid-19 e descarta vacina obrigatória

Com astronauta Marcos Pontes, Governo lança nitazoxanida como aposta contra contágio e agravamento

Por Portal Eu, Rio! em 19/10/2020 às 23:58:57

Bolsonaro trouxe para o Planalto lançamento de pesquisa sobre medicamente que ainda terá de ter estudos submetidos a publicação internacional, antes de inclusão no protocolo do Ministério da Saúde Fot

O estudo clínico do Laboratório Nacional de Biociências sobre o uso do medicamento nitazoxanida em pacientes na fase precoce da covid-19 demonstrou eficácia no tratamento da doença, reduzindo a carga viral das pessoas infectadas. O anúncio ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto, na tarde desta segunda-feira (19/10), com a participação do presidente Jair Bolsonaro.

A pesquisa foi iniciada pelo Laboratório Nacional de Biociências, em Campinas (SP), instituto vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O titular da pasta, ministro Marcos Pontes, celebrou o resultado positivo.

"O que eu posso dizer é que nós temos agora um medicamento comprovado cientificamente que é capaz de reduzir a carga viral. Com essa redução da carga viral, significa que reduz o contágio nas pessoas que tomam o medicamento nos primeiros dias, reduz a capacidade de contágio e diminui a probabilidade dessa pessoa aumentarem os sintomas, ir para o hospital e falecer", disse.


O pontapé da pesquisa foi dado com a análise de 2 mil drogas, testadas com inteligência artificial, para verificar se poderiam inibir os efeitos do vírus Sars-Cov-2, causador da covid-19 no organismo humano. Os estudos no Laboratório Nacional de Biociências chegaram a cinco drogas, que foram para uma segunda fase, que era o teste in vitro feito com células humanas infectadas. Neste teste, o fármaco nitazoxanida, que é um vermífugo muito conhecido no país, apresentou 94% de capacidade de inibir o novo coronavírus.



Uso em 1,5 mil pessoas reduz carga viral até 94% e confirma testes in vitro

Foi só após estas etapas que os testes em humanos foram iniciados, com mais de 1,5 mil pacientes voluntários, que tinham até três dias de sintomas e foram acompanhados em sete diferentes unidades hospitalares do país.

Nesta fase, de acordo com a coordenadora do estudo clínico, Patrícia Rocco, foram feitos testes duplo cego, quando nem o paciente e nem o médico sabem qual a medicação está sendo tomada, e randomizados, quando os pacientes são distribuídos aleatoriamente em dois grupos, um que recebe o medicamento e outro que recebe um placebo. A dose oferecida era de 500 miligramas da nitazoxanida, três vezes ao dia, ou o placebo durante cinco dias.

"Esses pacientes eram acompanhados de forma remota até sete dias após a terapia. Constatamos que a nitazoxanida, em comparação com o placebo, acarretou, ao final da terapia, redução significativa da carga viral e um maior número de pacientes com resultado negativo para o Sars-Cov-2", disse a médica, que é professora titular e chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Patrícia, esse resultado é de extrema importância, pois a nitozoxanida é um remédio de baixo custo e ampla distribuição, podendo ser usada de forma oral, e que não precisa de internação hospitalar. "Na dose utilizada, não apresentou reações adversas graves. A redução da carga viral implica em menor gravidade, em menor transmissibilidade do vírus", disse Patrícia. A pesquisadora ressaltou que o estudo foi enviado para publicação em uma revista científica internacional e deverá ser revisado por outros cientistas.

Marcos Pontes enfatiza que remédio não é profilático, só para infecção confirmada

O ministro Marcos Pontes disse, durante seu discurso, que o medicamento não pode ser usado por quem não apresenta sintomas da doença, mas apenas para pessoas na fase inicial da infecção. "Não é profilático, não é para prevenção. É só depois da detecção do vírus", disse.

O presidente Jair Bolsonaro também comemorou o resultado da pesquisa e destacou a eficácia da nitazoxanida no tratamento da covid-19.

"Através das observações, através de pessoas que concretamente usaram esse medicamento e foi constatado, na ponta da linha, que a carga viral diminuía. E dessas pessoas que usaram esse medicamento, nenhuma delas sequer foi hospitalizada", afirmou.

Vacina contra Covid-19 não será obrigatória no Brasil, diz presidente Jair Bolsonaro

Ainda durante a cerimônia, o presidente voltou a dizer que a vacina contra a covid-19 não será obrigatória no Brasil. Bolsonaro afirmou que cabe ao Ministério da Saúde definir as normas do Programa Nacional de Imunização.

"Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde o Programa Nacional de Imunização, ali incluídas possíveis vacinas obrigatórias. A vacina contra a Covid, como cabe ao Ministério da Saúde definir esta questão, ela não será obrigatória", disse. O presidente também afirmou que qualquer vacina contra o vírus terá que ter sua eficácia científica comprovada e ser autorizada previamente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Anvisa exige receita em duas vias para Annita desde abril, após corrida às farmácias

Em abril, sem citar o nome, o ministro Marcos Pontes já indicara um medicamento que havia demonstrado capacidade de reduzir a carga viral em 94%, nos testes in vitro. A corrida às farmácias erou escassez do medicamento, depois que vazou que seria o anti-helmíntico e vermífugo Annita, obrigando a Anvisa a mudar as regras de comercialização.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou então a Resolução de Diretoria Colegiada, RDC n.º 372/2020, que atualiza a lista de medicamentos sujeitos ao controle especial, no dia 15 de abril. A nitazoxanida, vendida sob o nome comercial de Annita, passou a ficar sujeita à retenção da receita em duas vias feita por um prescritor.

O fármaco seria o medicamento mencionado pelo ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, que anunciou, durante a coletiva realizada no dia 14 de abril, um medicamento que teria sucesso no combate ao novo coronavirus.

Em seu pronunciamento à época, Pontes falou que testes in vitro feitos no laboratório do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) demonstraram que um medicamento anti-helmíntico possui 94% de eficácia em ensaios com células contaminadas pelo SAR-CoV-2.

Logo após a coletiva, espalhou-se pela mídia e foi compartilhado virtualmente, que o fármaco em questão seria o Annita, que pertence à classe dos medicamentos anti-helmínticos, sendo previamente aprovada pela Anvisa apenas para o tratamento de gastroenterites virais provocadas por rotavírus ou norovírus, helmintíases, amebíase, giardíase, criptosporidíase, blastocistose, balantidíase e isosporíase.

Para evitar que houvesse nova ocorrida às farmácias em busca do medicamento, como ocorrera com a cloroquina e a hidroxicloroquina, que passaram a faltar para quem realmente precisa, a Anvisa agiu rápido e passou a exigir a prescrição médica para a compra da nitazoxanida.

Para que tratamentos já iniciados não sejam interrompidos, pacientes foram autorizados a continuar comprando os medicamentos com receita comum até o dia 15 de maio, de acordo com informativo publicado pela Anvisa, no dia 16 de abril. Sendo assim, as farmácias e drogarias devem obrigatoriamente, registrar todas as entradas e saídas do medicamento, bem como estoque e dados dos consumidores.

A entrada dos medicamentos em estabelecimentos farmacêuticos já existentes no estoque antes da publicação da RDC n.º 372/2020 não precisa ser transmitida ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). Apenas as novas entradas e aquisições realizadas a partir de 16/04/2020, bem como saídas, perdas e transferências, deverão ser escrituradas no SNGPC.

Fonte: Agência Brasil e Conselho Regional de Farmácia de Goiás

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