Polícia do Rio de Janeiro executa 145 em outubro

Polícia aumenta número de execuções no primeiro mês de gestão do governador em exercício Cláudio Castro, apesar de liminar do STF proibir operações em favelas cariocas. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que a violência policial foi responsável por 145 execuções em outubro, sendo que no mês anterior, com a intervenção do Supremo na Segurança Pública do Estado, este número foi de 50.

Em junho, o ministro Luiz Edson Fachin determinou a suspensão das operações policiais nem comunidades do Rio de Janeiro durante a Pandemia. Elas só poderiam ser feitas em situações excepcionais.

Ignácio Cano, do Laboratório de Estudos da Violência da UERJ, diz que o governador em exercício está seguindo a mesma filosofia de Wilson Witzel, governador afastado.

“O aumento da letalidade policial é dramático. Volta a níveis anteriores à determinação do STF. Ou o governo acha que a pandemia acabou — o que não é verdade — ou está flagrantemente descumprindo a determinação do STF”, disse Cano, acrescentando que houve aumento significativo das execuções na Baixada Fluminense.

A cientista social Sílvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança do CESeC., também manifestou preocupação com os dados sobre a violência da polícia:

“Os números revelam que na atual gestão do governo do Estado e dos comandos da Polícia Militar, a liminar do STF deixou de ser respeitada. Não é possível que tenha havido 145 casos de excepcionalidade no Mês”.

Carol grilo, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), se mostra assustada com os dados da violência policial no Rio de Janeiro:

“Houve um aumento assustador. Se considerarmos apenas os dados da Região Metropolitana, houve um aumento de 105. Esse aumento está relacionado ao desrespeito da Polícia à determinação do STF. Houve aumento em 500% de operações resultando em mortes. A criminalidade não diminuiu. Aumentou. Houve mais de 9% mais roubos e 20% mais homicídios dolosos do que em setembro. Quando há mais operações, há mais crimes. Quando há menos (operações), há menos crimes”, concluiu.