O traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como o chefe, há muito tempo não dá as caras no complexo do Alemão. Acredita-se que ele esteja escondido há vários anos em países vizinhos, como o Paraguai e a Bolívia. A polícia chegou a cogitar a sua morte mas ela nunca foi confirmada. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 30 mil para quem ajudar com informações que levem a sua captura.
Segundo um processo que tramita na Justiça, nos últimos anos, a tomada de decisões tem cabidoaÉdson Silva de Sousa, vulgo Orelha, que se encontra preso desde 2016. Ele chegou a passar um tempo no Paraguai mas retornou para a comunidade.
Mesmo encarcerado, Orelha, segundo investigações, continua dando ordem aos seus subordinados para o cumprimento das metas relativas ao tráfico de drogas. Ele detém o controle de funcionamento das bocas de fumo, ordena ataques a policiais, contrata e demite novos traficantes. Quando estava solto, suas determinações eram repassadas pessoalmente por seus subordinados diretos e por troca de mensagens enviadas por meio de aplicativo específico.
Com Orelha preso e Pezão longe, o comando na rua se dividiuentre os bandidos Alexandre Gonçalves dos Santos, vulgo Pardal, e Nazareno Anderson de Oliveira Lima, o Naza, que foi preso no ano passado. Pardal, inclusive, tem influência em outras favelas dominadas pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) comoJuramentinho, Juramento, e Galinha, na Zona Norte, ao Complexo do Caramujo em Niterói e ao Complexo do Salgueiro em São Gonçalo. Outro traficante que teria influência no comando de decisão éDelson Manoel Gonçalves, o DL.
As investigações revelam que os traficantes do Alemão, mesmo este complexo sendo ocupado por Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), circulam armados, inclusive com fuzis,livremente em plena luz do dia demonstrando não possuírem qualquer temor em serem vistos, havendo a presença de moradores e, inclusive, de crianças entre eles. Alguns bandidos ficamestrategicamente posicionados em frente a estabelecimentos comerciais.
Os traficantes do Alemão montam uma espécie de quadrado,que consiste em cercar uma área em um perímetro de 360º formada por localidades próximas onde os criminosos têm a visão de toda a movimentação dos policiais militares dentro do complexo, o que facilita os bandidos realizarem reuniões, a contabilidade do tráfico e outras atividades ilícitas.
O tráfico no Alemão possui um serviço de disque-drogas onde um bandido que exerce falsamente a profissão de moto-táxi em que atende os telefonemas e entrega os entorpecentes encomendados.
As drogas vendidas pelo bando são embaladas na Favela da Kelsons, na Penha, também na Zona Norte.
Há ordens expressas para que os traficantes não entrem na casa de moradores.
De acordo com a investigação, os integrantes do alto escalão do tráfico não fazem uso de telefones celulares para se comunicarem e sim de um aplicativo que impossibilitaria a gravação de áudios. A utilização dos aparelhosse restringe apenas aos suspeitos que, efetivamente, estavam no terreno efetuando a venda de drogas.
O bando foi responsável pelo ataque à 45ª DP em 2016 e utiliza fuzis novos, como o modelo AR 10, que está no mercado há pouco tempo.
Ao todo, 24 traficantes foram denunciados no Complexo do Alemão sendo que a quadrilha também conta com adolescentes infratores.
Nesta semana, durante operação das Forças de Segurança, que reúnem o Exército e as polícias Civil e Militar, cinco suspeitos de pertencerem ao tráfico de drogas foram mortos. Três militares também morreram.