Jovem negro, morador da favela e com o sonho de levar a cultura da comunidade para o mundo: assim é o Davi Gomes, 20 anos, finalista para embaixador da Brazil Conference – encontro com líderes e representantes da diversidade do Brasil -, nos Estados Unidos. Nascido e criado na Vila Vintém, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio de Janeiro, o estudante de administração almeja levar seus projetos sociais para Harvard em busca de patrocinadores.
Realizada anualmente pela comunidade brasileira de estudantes em Boston, a Brazil Conference at Harvard e MIT tem a missão de estabelecer um espaço plural para o debate, criando ideias sobre o futuro do país e fomentando as transformações que melhorarão as vidas do maior número de brasileiros.
Foto: Davi é o último agachado à direita/Divulgação
Sua primeira participação no grande evento, aconteceu em 2019 graças a um trabalho extra curricular no ensino médio, que tinha como objetivo reunir jovens para pensar em ações que fomentasse a cultura das favelas. Foi quando nasceu o “QR Culture”, projeto criado por um grupo de estudantes que leva grafites para todo o Rio de Janeiro e hoje emprega cerca de 30 grafiteiros da Cidade Maravilhosa.
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Para participar do grande evento, Davi promoveu uma vaquinha online e conseguiu arrecadar R$ 10.000,00 para pagar com as despesas da viagem. De volta ao Brasil, o jovem quis retribuir a ajuda do povo criando o projeto “S.O.S Vila Vintém”, que beneficiou centenas de famílias e comerciais locais.
“Com a pandemia do novo coronavírus e muitas pessoas passando por necessidade, resolvi montar um projeto que beneficiasse o empreendedor e o morador. Com isso, entrei em contato com algumas instituições e consegui arrecadar R$10.500,00 parar doação. Montei vales de R$ 100,00 e distribui pela favela, a grande diferença é que esses tickets só eram aceitos nos comércios da Vila do Vintém, dessa forma, todos sairiam ganhando”, explicou o estudante.
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De uma família humilde e sem muitas condições financeiras, Davi sempre correu atrás dos seus sonhos. Com muito esforço conseguiu uma bolsa de 80% para cursar o ensino médio em uma instituição privada em 2018 e vendia sanduíches na escola para pagar o restante da mensalidade. Com o pai e o irmão mortos por envolvimento ao tráfico, o jovem diz querer reescrever sua história.
“Minha mãe e minha vó são vendedoras ambulantes e eu acredito que através dos estudos irei conseguir mudar a vida delas. Por isso, estou sempre procurando aprender mais e me envolvendo em projetos extra curriculares, para ajudar a minha família e toda a comunidade. Eu sou o grito do povo”, afirmou o jovem.