O que Lucas Peleias Gahiosk, 27 anos, tem em comum com o ícone do Teatro do Absurdo, Samuel Beckett, que se vivo fosse beiraria seus 114 anos? Ele diz: "tudo!". Nos últimos seis anos, o tradutor, professor de História e mestrando da PUC-Rio vem se dedicando a pesquisar a vida e obra do romancista, dramaturgo, crítico e poeta, dono de uma produção literária das mais importantes e impactantes do mundo.
O irlandês Beckett, de expressão inglesa e francesa, completa hoje (22), 31 anos de falecimento. "A ausência desse gênio da literatura não poderia passar despercebida entre os que querem manter viva sua memória, garantindo às novas gerações o conhecimento e o reconhecimento de seu legado para a cultura mundial", afirma Lucas.
Ele escolheu Beckett como tema central porque o romancista desenvolve algumas questões que são importantes para o pensamento ocidental no século XX, como por exemplo, "a decomposição do sujeito moderno”. Ele também traduziu um ensaio de Beckett, publicado na Revista de Teoria da História da Universidade Federal de Goiás.
O que também pode explicar esse tamanho interesse por Beckett é a vivência teatral de Lucas, que entrou para o teatro aos seis anos e, aos 15, já estudava no Teatro Tablado, um dos cursos mais tradicionais do Rio para formação de atores e atrizes. Sua ligação com a arte não para por aí: o pesquisador também completou o curso de música na Escola Villa Lobos, também no Rio de Janeiro.
É sobre este ícone da literatura mundial e sua obra que Lucas desenvolveu uma tese, intitulada "O Jogo das Aporias: sujeito, linguagem e mundo na obra de Samuel Beckett".
Lucas desenvolveu uma tese sobre Samuel Beckett. Foto: Divulgação
Quem foi Beckett
Samuel Beckett (1906-1989) foi ícone de uma época na efervescente Paris dos anos 30. Considerado um dos últimos modernistas, teve grande influência no século XX. Pelo conjunto de sua obra, conquistou o Prêmio Nobel de Literatura, em outubro de 1969.
A obra de Beckett, traduzida em mais de trinta línguas, “faz uma intensa crítica à modernidade com uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenômeno humano”, afirmam seus críticos. A mais famosa no Brasil é a peça "Esperando Godot".
Formado em literatura Moderna, Beckett foi membro da Resistência Francesa, lutando contra os nazistas. Sua morte, em 1989, teve como causa um enfisema pulmonar. Foi sepultado no cemitério de Montparnasse.
“Teatro do Absurdo" é uma expressão cunhada pelo crítico inglês Martin Esslin (1918-2002) no fim da década de 1950 para abarcar peças que, surgidas no pós-Segunda Guerra Mundial, tratam da atmosfera de desolação, solidão e incomunicabilidade do homem moderno por meio de alguns traços estilísticos e temas que divergem radicalmente da dramaturgia tradicional realista.