Mais uma associação que presta serviço para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) corre o risco de fechar. A União Carioca Autista (UCA), que atende crianças e adultos autistas sem ajuda do governo e sem patrocínio, não está conseguindo sobreviver somente com as doações e ações beneficentes. "Muitos autistas que não eram aceitos em outros locais por falta de vagas, por serem mais velhos ou por terem um grau mais severo da síndrome recebem atendimento na associação. Estou com medo dela não ir adiante, por conta dos altos gastos com impostos e taxas", afirma a professora Rose Mary Deitz Velloso Ávila, que ajuda a UCA desde a fundação há três anos.
Na UCA, cerca de 30 autistas fazem atividades funcionais, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia e psicopedagogia, além de participarem de grupos de convivências e de eventos de socialização. "Lá tem atendimento para crianças, adolescentes e até adultos. Tem pessoas de 21 anos sendo atendidas, é muito bacana, porque nessa idade já é difícil conseguir esse atendimento específico. Também tem atendimento psicológico para as mães e um projeto para gerar renda para elas", diz Rose Mary.
Segundo a diretora e também fundadora da UCA, Renata Dourado, tem várias associações fechando por falta de recursos. "Não temos nenhuma empresa que proporcione algum tipo de ajuda, contamos com o auxílio dos próprios pais, familiares, amigos e pela divulgação em redes sociais, mas essa ajuda é mínima. Estamos com toda documentação para buscar verba de governo, temos CNPJ, alvará, certidões da receita, só faltam inscrições nos conselhos", explica Renata.
Silvia Nery, diretora da UCA, junto com Pedro Henrique Neves e Enzo Bizareli. (foto:divulgação)
UCA começou com encontros de mães
"Quando eu recebi o diagnóstico de autismo do Cassiano fiquei desesperada, com medo, senti aquele luto inicial, e comecei a participar de grupos e a conhecer pessoas com problemas semelhantes. Criamos um grupo de mães pelo whatsapp e começamos a realizar encontros. Nossa ideia inicial era levar as crianças para um lazer, como zoológico e parques. Nosso objetivo era ficarmos juntas para não nos sentirmos sozinhas", afirma Rose Mary, que trata seu filho na rede particular.
Os encontros promovidos pelo grupo de mães deram origem à UCA, em 2015, com crianças de diversas idades e de vários lugares do Rio. "Tentamos manter um serviço de qualidade para eles. A colaboração dos participantes é voluntária e nem todos que são atendidos podem ajudar financeiramente", informa a diretora da UCA. Além da Renata, a UCA tem outras diretoras fundadoras: Silvia Nery e Lúcia Dias.
Doar faz bem
"Tenho muita gratidão a Deus por ter encontrado a UCA. Essa união de pessoas me fez muito bem. Sinto-me viva, pronta para servir. Mesmo dentro das minhas limitações, consigo ajudar outras pessoas com problemas até mais graves do que os meus. Quando nos doamos não focamos em nossas dificuldades e conseguimos ver uma luz", diz Rose Mary.
A sede da UCA funciona no Riachuelo, na Rua Raticlif, 84. Ela precisa de voluntários para organização de eventos, recolhimento de roupas para bazar, além de doações de material de higiene, escritório e pedagógico. Doações podem ser feitas na conta poupança em nome de União Carioca Autista: Caixa econômica (Banco 104) - Agência 2264 - Operação 013 - C/P 26401-0 - CNPJ 23 649 266/0001-65 ou pela Vakinha online "AUTISMO EU ESCOLHI AJUDAR": 21-99764-0303 /98522-1423/ 996424519 https://www.vakinha.com.br/vaquinha/autismo-eu-escolhi-ajudar?utm_campaign=whatsapp&utm_content=329650&utm_medium=website&utm_source=social-shares
Manuella Novelli está sendo atendida na UCA há 10 meses. (foto: arquivo próprio)