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Daniel Velloso ensaia monólogo sobre sua história com a esquizofrenia

Espetáculo está em fase final de ensaios

Por Alan de Jesus em 29/08/2018 às 17:49:21

Daniel Velloso conversou com o Eu, Rio! sobre o monólogo que fala sobre esquizofrenia (Foto: Jorge Hely)

Ela já foi um castigo de Deus, um sinal de possessão demoníaca, e até um comportamento de pessoas consideradas diferentes da normalidade, ou como é conhecida popularmente: maluquice e coisa de doido. Os séculos mudaram e a visão sobre a esquizofrenia não acompanhou os avanços da área médica, principalmente os estudos de saúde mental. Para discutir o preconceito nosso de cada dia, o escritor e palestrante, Daniel Velloso levará aos palcos o monólogo “Antes que eu me esqueça”. A peça é um retrato de sua relação com a doença e tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância de discutir questões paralelas relacionadas com a esquizofrenia, como tratamento, acolhimento familiar, preconceito e as dificuldades enfrentadas por aqueles que têm que conviver durante a vida toda com a doença. Em fase de finalização de ensaios, a apresentação teatral deve estrear até outubro deste ano.

Os ensaios começaram em julho, no espaço Terapêutico PSI, e o texto é uma adaptação das palestras que já vem sendo proferidas por Daniel em hospitais, clínicas, espaços terapêuticos e universidades, além de reunir, também, algumas histórias de diversas cartas presentes que ele recebeu ao longo de todos esses anos. Com duração aproximada de 1 horas e meia a apresentação é dirigida por Juliana Rodrigues e o roteiro é assinado por ambos. A linguagem teatral foi escolhida pelo escritor por causa do alcance e seu caráter de transformação e conscientização social.

Para ele, a experiência de interpretar sua história é um desafio: “eu sinto a diferença entre a palestra e a peça, mas estou muito animado em poder fazer isso. Faz parte da minha missão: de levar conscientização sobre a esquizofrenia para todas as pessoas”, afirma.

QUEM É DANIEL VELLOSO? 

Daniel Velloso, além da esquizofrenia, também tem depressão e transtorno de ansiedade generalizada. Seu primeiro sintoma apareceu aos 12 anos, à época ele ouviu uma voz que disse para não largar o violão, pois se o fizesse sua cabeça iria cair. Ficou seis anos recluso em casa segurando o instrumento e acreditando em sua possível morte, até que começou o acompanhamento psiquiátrico. Sua história não é um acontecimento isolado. No Brasil, mais de 2 milhões convivem diariamente com os sintomas da doença.

A história de Daniel, também é a história de José, de João, de Maria, de Renata... são pessoas que compartilham as mesmas lutas, sofrem os mesmos preconceitos, mas também têm a mesma esperança e precisam da ajuda de todos. Elas lutam diariamente por um Brasil em que é possível ter o tratamento de forma adequada e acesso a todos os remédios. Hoje, o SUS distribui apenas alguns dos medicamentos que os pacientes necessitam. Daniel, por exemplo, gasta mensalmente em torno de mil reais em farmácias.

Criador da Campanha “Depressão não é frescura não”, ele é militante das causas relacionadas as doenças mentais e desde que se apresentou publicamente como esquizofrênico em um programa nacional vem lutando para que todos percebam que muitas pessoas doentes e sem a orientação necessária acabam buscando o caminho do suicídio. Com 33 anos, o militante divide sua vida entre eventos, palestras, terapia e momentos para escrever para os diversos sites dos quais é colunistas.

Além do projeto da peça teatral, o palestrante que já tem três livros publicados, ainda sonha em se formar em ciências sociais e ter um futuro ajudando as pessoas e tentando fazer deste mundo um lugar onde as pessoas com esquizofrenia não fiquem isoladas da sociedade e não sofram o que ele sofreu em todos as instituições de ensino (desde ensino básico até a faculdade): bullying e estigmatização. 

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