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Jovens são constantemente manipulados por indústrias de cigarros

Empresas burlam leis antifumo e se aproveitam da falta de fiscalização para promover nova geração de dependentes

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 30/08/2018 às 09:46:11

Foto: Pixabay

“Os jovens precisam desenvolver uma visão crítica, buscar informações sobre os males causados pelos cigarros e perceber como estão sendo manipulados. A juventude precisa protagonizar o enfrentamento das estratégias das indústrias de cigarro”, afirmou o pneumologista Alexandre Milagres, coordenador do Centro de Apoio ao Tabagista (CAT). Segundo o médico, 90% dos fumantes iniciam o vício com menos de 18 anos e 95% com menos de 21 anos.

O médico, que há mais de 30 anos é ativista do Movimento Brasileiro pelo Controle do Tabagismo, destacou a importância da prevenção especialmente em escolas. “A Organização Mundial de Saúde considera o tabagismo o maior problema de saúde pública do planeta e ele começa na maioria das vezes na infância ou adolescência. Quanto mais cedo a pessoa se expõe a essas substâncias maior é a possibilidade de desenvolver um câncer ou outras doenças graves”, informou.  

Para a psicóloga e coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ), Ana Helena Rissin, a indústria do tabaco tem inúmeras estratégias para que o cigarro continue perto dos mais suscetíveis para que se tornem dependentes e consumam cigarros pelo resto da vida.

“Como as propagandas em TV, revistas e outdoor não são mais permitidas, as empresas investem nos postos de vendas, para que fiquem chamativos e bem iluminados. As embalagens são parecidas com caixas de chicletes e existem cigarros com sabores”, alertou Ana Helena.

Desde 2013, foi lançada uma lei para acabar com os aditivos que dão sabor aos cigarros, mas as indústrias de tabaco conseguiram liminares que adiam a entrada em vigor.

“Só nesse ano aconteceu o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal e mesmo assim foram feitos recursos. Qual o objetivo de se fazer um cigarro com sabor chocolate ou menta? Por que brigar por isso? Só pode ser para que crianças comecem a fumar. Outro dado alarmante é que apesar das leis existentes, menores de idade conseguem comprar cigarros com muita facilidade”, denunciou a psicóloga.

O controle do tabagismo foi tema de diversas atividades da SMS-RJ neste mês de Agosto e os eventos acontecem até esta sexta-feira, 31. Toda a mobilização recorda o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta quarta-feira, 29. A data foi instituída em 1986, pela lei nº 7488.

Novas regras para postos de vendas

Existem leis desde 2011, com regulamentações em 2014 e 2018, para acabar com a propaganda chamativa em postos de venda. Está proibida a exposição dos produtos próximos de locais de venda de balas, gomas de mascar, bombons, chocolates, gelados comestíveis e brinquedos, de modo a não facilitar a visibilidade por crianças e adolescentes.

“Além disso, os painéis brilhantes com um maço grande e com iluminação terão de acabar. As empresas ainda têm um tempo para cumprir e é preciso fiscalizar para que essas normas sejam colocadas em prática. Já começamos a distribuir em bares e restaurantes a Cartilha de Atualização da Legislação para o Controle do Tabagismo no Rio de Janeiro. Em breve, também entregaremos nas bancas de jornais”, avisou Ana Helena.

A psicóloga destacou que em locais de concentração de jovens empresas buscam meios de vender cigarros. “No Rock in Rio de 2017, foram colocadas pessoas com plaquinhas de tabacaria na cabeça, vendendo cigarros como era feito antigamente, tudo fora da lei. Essas empresas aproveitam a falta de fiscalização”, alertou.

 Ajuda para fumantes

O tratamento público para pessoas que desejam parar de fumar é feito em unidades de saúde. “As pessoas que nos procuram fumam há mais de 20 anos e normalmente estão hipertensas, diabéticas, com problemas cardíacos e câncer. Precisamos investir mais na prevenção”, disse a coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da SMS-RJ.

Ana destacou também o malefício do cigarro eletrônico. “É uma enganação da indústria. O Brasil, a frente de muitos países, desde 2009, proíbe essa comercialização. Mas as indústrias fazem uma pressão enorme para a liberação, que seria um enorme atraso de vida”, avaliou. 

   

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