Temendo mais de 5 mil demissões, os trabalhadores da Ford em Taubaté, no estado de São Paulo, e em Camaçari, no estado da Bahia, realizaram protestos na porta das fábricas contra o encerramento das atividades da montadora no Brasil nesta terça-feira (12).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Cláudio Batista, os trabalhadores foram surpreendidos com o encerramento das atividades da fábrica, presente na cidade há mais de 50 anos. Ele cobrou atitudes e apoio de todas as esferas governamentais contra o fechamento.
O ato convocado pelo Sindicato dos Metalúrgicos ganhou adesão em massa dos trabalhadores – mantendo o distanciamento por causa da pandemia – e busca soluções e caminhos para a luta em defesa dos milhares de empregos da fábrica na Bahia.
Na segunda-feira, a Ford anunciou o fim das operações da empresa no Brasil. Além de Camaçari as atividades também serão encerradas em unidades dos estados de São Paulo e Ceará.
O presidente do Sindicato, Júlio Bonfim, cobrou responsabilidade da Ford com os trabalhadores após anos de incentivos fiscais e lucros exorbitantes em Camaçari, além de contextualizar a instabilidade política e econômica no Brasil, provocadas pelo governo federal, como um dos motivos para a fuga de empresas do país.
Parlamentares compromissados com a classe trabalhadora, como a deputada estadual Olívia Santana; o presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-BA), Pascoal Carneiro; e presidente da FETIM, Aurino Pedreira, além de representantes de outras entidades, também participam da assembleia.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari lembrou que a Ford implantou sua fábrica na cidade em 2001, durante todos esses anos sempre contou com incentivos fiscais, e que a decisão da Ford gera um grande impacto negativo na economia da Bahia.
Em nota, a Ford afirmou que o encerramento se deu por conta da persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas, e que manterá a sede administrativa e o campo de provas, ambos no estado de São Paulo, e o centro de desenvolvimento de produtos, na Bahia.
Além disso, a empresa também afirmou que manterá assistência total ao consumidor, com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia, e que vai trabalhar imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção.
O presidente Jair Bolsonaro lamentou o fechamento das linhas de montagem da Ford no Brasil, mas argumentou que a empresa estaria fechando seus parques fabris porque perdeu a concorrência. O presidente lembrou ainda que a montadora recebeu R$ 20 bilhões de renúncia fiscal do governo e subsídios.
O Ministério da Economia emitiu nota afirmando lamentar a decisão global da Ford, e que a decisão destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria do país. A nota diz ainda que o ministério trabalha intensamente na redução do Custo Brasil.
Nas redes sociais, o governador de São Paulo, João Dória, afirmou que lamenta a decisão global da Ford de encerrar a montagem no Brasil, e que a Ford vai manter 700 empregos com a continuidade da sede regional e da pista de testes.
O governador da Bahia, Rui Costa, afirmou por sua vez que formou um grupo de trabalho para discutir alternativas ao fechamento, e que entrou em contato com a Embaixada da China para sondar possíveis investidores com interesse em assumir o negócio da Bahia.
Ouça o protesto do sindicalista Claudio Batista e o lamento do presidente Bolsonaro: