O crescimento da rejeição a Jair Bolsonaro não afeta sua liderança nos cenários em que Luiz Inácio Lula da Silva fica de fora, mas torna bem mais equilibradas as projeções da XP/Ipespe para o segundo turno, justo agora que começa o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Bolsonaro empata com Geraldo Alckmin (35% a 35%), com nada menos de 30% de brancos, nulos e indecisos.
Na quarta semana de maio, o candidato do PSL tinha sete pontos de vantagem, e portanto acima da margem de erro. Como não houve aumento da preferência pelo tucano, estacionados nos 9% nas sondagens de primeiro turno, a redução da diferença reflete antes de mais nada o descontentamento com a eventual ascensão de Bolsonaro à presidência.
Quadro semelhante se repete num eventual confronto entre Bolsonaro e Marina Silva. A candidata da Rede Solidariedade bateria Bolsonaro por 37% a 34%. A diferença corresponde a um empate técnico, dada a margem de erro da pesquisa (3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo). A série histórica, entretanto, revela uma tendência favorável à acreana. Na terceira e na quarta semanas de maio, no início da série, a ex-ministra do Meio-Ambiente chegou a estar seis pontos atrás, no limite da margem. Ela avançou, portanto, nove pontos sobre Bolsonaro.
Pela primeira vez, desde o início da série, o candidato do PDT aparece à frente do ex-capitão, com 34% a 32% em um hipotético segundo turno. Ciro Gomes estar em empate técnico reflete uma ascensão consistente. Em abril e maio, no início das sondagens, Bolsonaro aparecia sete pontos à frente, portanto acima da margem de erro.
Num duelo com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, repete-se o desenho de uma vantagem de Bolsonaro se estreitando a cada rodada. O ex-capitão está à frente por 37% a 34%. A diferença não apenas está dentro da margem de erro (6,4 no total, supondo o piso para uma e o teto para outra), como é nada menos que oito pontos menor que a vantagem apresentada por Bolsonaro em abril, de onze pontos percenturais.
No cenário a essa altura mais improvável, o da confirmação pela Justiça da candidatura de Lula, o ex-presidente bate Bolsonaro por uma confortável distância de onze pontos (45% a 34%). Nas primeiras rodadas, em abril e maio, o deputado do PSL apresentava uma pequena vantagem, de dois pontos. Mesmo preso, condenado em segunda instância e ameaçado de não concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa, Lula livrou uma vantagem de treze pontos.
Um cenário também pouco provável, mas tornado plausível pelas dificuldades de Lula com o registro e pela diferença em favor de Geraldo Alckmin em relação a Bolsonaro, é aquele em que a tradicional polarização entre direita e esquerda registrada nas eleições brasileiras para a Presidência desde 1989 teria o ex-governador paulista e Ciro Gomes como os contendores da vez. Nessa hipótese, o equilíbrio permanece, com o tucano à frente por 34% a 29%. Desde o início da série, os dois ex-colegas de PSDB mantiveram o empate técnico, com o nordestino à frente uma única vez, em junho, por três pontos.