O ser humano parece ser um animal feito para sobreviver na Savana africana. Nossa melhor adaptação estrutural foi nos transformamos em bípedes. E foi aí que a coisa degringolou de vez. Primeiro o fogo, depois a roda, depois a internet e no final, a decisão se abre impeachment ou não. Hoje é dia de Rodrigo Maia se tornar a grande figura que gostaria de ser ou confirmar que não foi á toa que travou 64 pedidos de impeachment.
Que a eleição da Câmara seria disputada por dois candidatos do Centrão, já sabíamos, afinal, não existindo um bloco de esquerda unido e com o bloco de direita apoiando o governo federal a dúvida seria entre alguém mais ao centro, que poderia ouvir a ala de esquerda ou alguém mais alinhado com o governo federal. Baleia Rossi, que foi um dos protagonistas do Golpe de 16, é o preferido de Maia. Arthur Lira, candidato preferido de Bolsonaro, vai definitivamente sentar em cima dos pedidos de impeachment e agravar mais ainda o trator das desigualdades sociais.
A frase melhor para definir a eleição de hoje é: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas o agravamento é cada vez mais profundo. O presidente cortou o auxílio-emergencial, falando que não tem dinheiro, que quebra o Brasil, mas gasta R$ 1,8 bilhão em mercado, R$ 640 mil em cartão corporativo e R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para comprar votos no Congresso a favor de Arthur Lira. 3 bilhões pra comprar deputados daria pra comprar 100 milhões de vacinas. Mas por que estamos em uma situação crítica? O partido do DEM e o PSDB de João Dória apoiando Arthur Lira (PP) mostra que qualquer um dos dois estará na frente atuando a favor de Bolsonaro. O Governo é o sugar daddy do centrão.
É verdade que a posição do Psol em levar a candidatura de Erundina para frente, não mudaria o cenário atual. Rodrigo Maia, que afundou sua força, sem colocar adiante algum processo de impeachment, não é querido pela esquerda e agora, nem pela direita. Nossa opção por uma direita e a ultradireita, o cenário é lamentável. A eleição será difusa, pois acontece no primeiro dia de greve dos caminhoneiros. Lembramo-nos de tempos atrás, do quanto levou ao caos a ampla greve da categoria e como isso pode fazer uma cortina de fumaça para a eleição. Um cenário possível também é do Centrão ocupe os espaços dos militares e enfraqueça o presidente.
Mas o tiro pode sair pela culatra, afinal, o discurso dos dois candidatos sempre é pautado pelo clamor popular. Dizem que o recorde de pedidos de impeachment da história, não significa nada. Um possível movimento popular nas ruas pedindo FORA BOLSONARO seria mais plausível. Ora, o fim do auxílio-emergencial levou quase 20 milhões de pessoas a extrema pobreza e temos o início da greve dos caminhoneiros. Não se está se desenhando um caos social? Está certo que nosso país não tem um histórico de lutas nas ruas, como nossos irmãos latinos, mas estamos vendo um agravamento social sem precedentes no país. Um país que está com sua população quebrada, vendo a inflação corroendo sua possibilidade de compra de alimento básico.
O que podemos afirmar é que Bolsonaro não governa para o Brasil, apenas para si mesmo. Ao invés de lutar pela vacina para todos, está empenhado a todo custo em tomar a vacina anti-impeachment.
Está com Rodrigo Maia a chance histórica de reverter toda a situação em que estamos, apenas apertando o botão do impeachment, antes de tirar o paletó da cadeira.