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Ato em defesa do Museu Nacional reúne mais de 20 mil na Cinelândia

Manifestantes pediam revogação do ato 95 que congelou investimentos na educação

Por Alexandra Silva em 03/09/2018 às 22:55:50

Uma multidão se aglomerou na Cinelândia para protestar contra o descaso com o Museu Nacional (Fotos: Jorge Hely)

Impactados pelo incêndio que consumiu o Museu Nacional, no ultimo domingo (02) a União Estadual dos Estudantes da UFRJ, realizou nesta segunda-feira, vários atos em prol da cultura e da educação. Além das manifestações em frente ao museu, outro ato foi convocado via redes sociais na Cinelândia, a partir das 16h.

Segundo a organização, mais de 20 mil pessoas, entre alunos, professores e funcionários de instituições de ensino superior e secundarista do país, se uniram para pedir a extinção da emenda 95/2106 que congelou em 20 anos os investimentos na educação, entre outros gastos públicos. "Não é uma tragédia isolada. Várias tragédias vêm acontecendo em todo país. A causa básica é a falta de verbas que acontece durante anos. É a falta de política pública nessa área. Porque os políticos não têm comprometimento com a educação. Hoje é um dia de luto e de luta pela defesa ao acesso à educação pública de qualidade.", desabafou Eduardo Serra, vice-reitor da UFRJ.

A preocupação com o ensino do país levou uma multidão de estudantes da UERJ; UFRJ; UFF; UniRio; Universidade Rural e Colégio Pedro II a tomarem as escadarias da Câmara de Vereadores segurando cartazes e bradavam palavras de ordem contra o governo e em prol da educação e cultura. Durante o ato representante de entidades estudantis e políticos discursaram em prol da cultura e educação pedindo mais investimentos nessas áreas e comprometimento dos governos nas gestões de instituições que estão em situação de precarização, como a UERJ e UFRJ.


"O que não falta é dinheiro, como dizem. O que fazem é um esvaziamento de investimentos não só nos museus, para garantir o aumento de salários, como o do STF. E isso atinge a identidade nacional.", comentou Glauco Guedes, psicólogo, ex-aluno da UERJ. No início da noite, os manifestantes saíram em passeata em pelas ruas do Centro do Rio.

Nota do Capes anunciou tragédia

No início de Agosto deste ano, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), enviou ao ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, uma nota alertando que o teto de gastos impostos a instituição poderia inviabilizar o pagamento de bolsas de estudos e o andamento de pesquisas. O fato causou comoção entre estudantes e entidades educacionais que realizaram protestos semelhantes aos de hoje, país afora. Levando o MEC a tomar medidas que garantam o pagamento dessas bolsas. Segundo o professor da UERJ André Conforte, os professores e as instituições vêm sofrendo com o sucateamento das universidades e centros de pesquisas. "Nem em meus piores sonhos, eu imaginei que isso poderia estar acontecendo. Me sinto impotente diante de tanto descaso.", lamentou o professor.

Preocupação com o resgate da memória do país

O presidente Michel Temer, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, articulou com uma rede de bancos o apoio em investimentos para a reconstrução do museu. Tal fato preocupa a população como esses patrimônios serão restituídos ao museu. "O que perdemos em relação à memória do povo negro é inestimável. O fóssil de Luzia, o ser humano mais antigo nas Américas com cerca de 12.500 anos, foi perdido pra sempre. Temos que ficar atentos como esse acervo vai ser construído.", ressaltou o babalaô Ivanir dos Santos. Além do fóssil de Luzia, o trono do rei de Daomé, as múmias egípcias entre outros artefatos africanos, somam a perda da memória da cultura africana no Brasil. Além da perda de artefato indígenas que contavam a história de povos que hoje estão extintos.

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