A pesquisa NeuroCovid, conduzida pela neurologista e professora da Unicamp Clarissa Lin Yasuda, indica que os pacientes examinados após contraírem a doença tinham múltiplas queixas, mesmo dois meses após a infecção.
Pacientes com quadros leves da doença têm procurado atendimento médico com diferentes sintomas após os catorze dias de isolamento. Os mais comuns são dor de cabeça, perda do olfato e do paladar; mas há também algumas sequelas como sonolência, fadiga e problemas cognitivos.
As sequelas da covid-19 não param por aí. Dados da Organização Mundial da Saúde de antes da pandemia mostram que 9% da população brasileira sofre de ansiedade; entre os participantes da pesquisa Neurocovid, esse índice ficou em 28%. Outra constatação do estudo foi uma elevada alteração no modo como o cérebro dos pacientes se conecta após a infecção pela doença.
A farmacêutica Lidiana Marcolino, de 30 anos, moradora de Brasília, foi diagnosticada com covid-19 em junho do ano passado, com quadro leve. Passados oito meses, ela ainda não se sente recuperada.
O caso é parecido com o da professora Lilian Borges, de 32 anos, moradora do município de Novo Gama, Goiás. Ela também se queixa de sequelas, mesmo seis meses após o diagnóstico de covid-19.
Cerca de duas mil pessoas responderam à pesquisa NeuroCovid na primeira fase; a maioria mulheres. Além de um questionário online, os participantes que moram na região de Campinas, no interior de São Paulo, passaram por exames e avaliações médicas. A pesquisadora Clarissa Lin Yasuda explica que o questionário é aberto a interessados de todo o país, e que a pesquisa vai continuar acompanhando os pacientes com sintomas persistentes.
Um outro estudo, realizado pela Associação Médica do Brasil com 3,8 mil médicos de todas as regiões do país, aponta que 73% dos profissionais entrevistados constataram que pacientes infectados com o novo coronavírus apresentam sequelas após a cura. O presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, explica que cada paciente com queixas pós-covid é tratado de acordo com o quadro clínico.
Em caso de sintomas persistentes da covid-19, a recomendação é procurar atendimento médico.
Ouça no podcast Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre as sequelas da Covid-19