No final de 2018, as pessoas com idade acima de 60 anos representavam cerca de 13% da população do país, o que soma mais de 28 milhões de idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até o final dessa década esse número deve dobrar, de acordo com a Projeção Populacional do IBGE divulgado em 2018. O mestre em Engenharia Biomédica e PhD em Gestão de Saúde Norton Mello, da BIOENG Projetos, ressalta que essa realidade deve ter um grande impacto no segmento de construção civil nos próximos anos.
Mello salienta que, entre os fatores que exigem atenção, está o elevado índice de acidentes domésticos entre pessoas com mais de 60 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 70% dos acidentes com pessoas nessa faixa etária acontecem dentro de casa. Para o especialista em bioengenharia, esses números apontam para o desafio social e a falta de políticas públicas em boa parte dos países para amparar a população idosa nos âmbitos educacional, sanitário, de saúde e moradias.
O engenheiro já desenvolveu diversos projetos voltados para esse público e explica que é preciso explorar recursos multissensoriais para proporcionar segurança, conforto, praticidade e estética agradável. “Viver mais não significa viver melhor, por isso é essencial relacionar os ambientes às necessidades emocionais e físicas das pessoas para que possam usufruir a longevidade de forma saudável e com qualidade”, afirma.
Mello também explica que é comum que as pessoas tenham uma ideia negativa do conceito de um residencial para idosos. Porém, ele salienta que já existem projetos que desconstroem essa imagem ao unir, em um mesmo espaço, os conhecimentos de engenharia, medicina, bioengenharia e user experience.
Foto: Divulgação
Entre os projetos da BIOENG que fazem parte dessa realidade está a Vila Toscana, residencial localizado próximo à Orlando, FL (EUA), que é um exemplo de moradia multissensorial para idosos. No local é possível resgatar a memória afetiva das pessoas através da identidade olfativa com aroma de lavanda e manjericão, até detalhes em cores, texturas e iluminação, entre vários outros elementos arquitetônicos aliados à bioengenharia que foram usados para criar uma jornada positiva, não só para os moradores, mas também para quem trabalha ou visita o espaço.
Mello salienta a urgência dos países até então considerados “jovens”, como o Brasil, se prepararem para a realidade imediata do envelhecimento da população. “Para isso é preciso adaptar ambientes residenciais e comerciais pensando em segurança, conforto e infraestrutura”, afirma.