Em março é celebrado o mês de conscientização sobre a endometriose, doença que afeta quase sete milhões de mulheres brasileiras e que pode causar fortes dores e dificuldades para engravidar.
Conhecida como "Março Amarelo", a data busca alertar as mulheres para que o diagnóstico da doença ocorra o mais cedo possível. “Muitas vezes, os sintomas não são valorizados, se confundem com queixas ginecológicas gerais e inespecíficas (cólica e sangramento vaginal irregular, por exemplo). A mulher só vai descobrir que tem endometriose depois de várias tentativas para engravidar ou quando a doença se manifesta com sintomas mais graves”, explica o médico Anderson Melo, especialista em reprodução humana do CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto/SP.
O que é a endometriose?
Mas o que é a endometriose? Antes de falar da doença em si, é importante entender sobre o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero e onde o embrião se implanta depois que o óvulo é fertilizado pelo espermatozoide. Caso não ocorra fecundação, parte do endométrio é eliminado durante a menstruação. O que sobra no útero volta a crescer e o processo se repete todos os meses, a cada novo ciclo menstrual.
“A endometriose é uma modificação inflamatória causada pela implantação das células do endométrio por fora do útero (pulmão, bexiga, intestino, ovários e/ou cavidade abdominal). Nestes locais, essas células respondem ao estímulo hormonal e voltam a se multiplicar e sangrar”, afirma Anderson. De acordo com o médico, a cólica menstrual forte é um dos principais sintomas da doença, mas há outros como dor profunda e desconfortável durante a relação sexual, inchaço abdominal, dor e dificuldade para evacuar, irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar. Além disto, a doença pode estar associada ao aumento da pressão arterial durante a gravidez e também ao maior risco de aborto.
Infertilidade
O principal fator de infertilidade associado à endometriose é a inflamação. Isso ocorre porque este processo inflamatório crônico da doença provoca alteração da anatomia e na função das trompas. A principal consequência disso é a dificuldade para a fecundação, que é a união do óvulo com o espermatozoide. “Pesquisas também já identificaram que a doença pode resultar em alterações na qualidade dos óvulos e na redução da chance de implantação do embrião no útero”, comenta o médico.
Tratamentos e prevenção
Anderson Melo explica que a pílula anticoncepcional pode auxiliar no controle dos sintomas da endometriose, porém não trata a causa do problema. Em muitos casos, a cirurgia é necessária. Para prevenção, mulheres que tenham na família a confirmação da doença em um parente de primeiro grau (mãe e irmã) devem ficar atentas mesmo que apresentem sintomas discretos, como cólica e irregularidade menstrual.
Para as mulheres que estão tentando engravidar, o tratamento por meio de uma fertilização in vitro (FIV) é o mais indicado porque evita a redução do potencial reprodutivo (reserva ovariana). “A endometriose pode trazer dificuldades, mas não deve ser o motivo para abandonar o sonho da maternidade”, ressalta o especialista.