Recentemente, a Influenciadora digital e filha da cantora Kelly Key, Suzanna Freitas, usou as redes sociais para falar com os fãs sobre a cirurgia de implante de próteses de silicone que fez. O que espantou a maioria foi a idade com a qual passou pelo procedimento. Na adolescência, com apenas 16 anos. O tópico foi levantado no Instagram da jovem quando internautas perguntaram quando ela tinha começado a realizar procedimentos estéticos. “Depende do procedimento. Se for uma drenagem, uma limpeza de pele… Isso é muito relativo. Mas cirurgia plástica eu só fiz uma vez em minha vida, que foi em 2016”, contou Suzanna.
Plástica na adolescência x padrões de beleza
A filha de Kelly Key está longe de ser a única adolescente a recorrer a cirurgias plásticas. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos dez anos houve um aumento de 141% nos procedimentos em jovens de 13 a 18 anos. Em 2016, quando Suzanna realizou a intervenção cirúrgica e o censo realizado pela SBCP foi colhido pela última vez, foram registradas 1.472.435 cirurgias plásticas estéticas ou reparadoras, sendo 6,6% em adolescentes, ou seja, um total de 97 mil cirurgias.
O Brasil fica na liderança em números de jovens que passam por esse tipo de procedimento. O país vence até mesmo dos Estados Unidos, que com 4% de pacientes adolescentes ultrapassou, em 2020, 66 mil cirurgias estéticas. Por aqui, a quantidade de cirurgias plásticas bateu os 90 mil casos.
As incertezas sobre o corpo e a comparação com outros jovens são naturais em meio à adolescência, mas o aumento significativo da procura por procedimentos cirúrgicos revelados acima parecem estar relacionados a outros fatores.
Redes Sociais
Para o cirurgião plástico e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Alan Landecker, o crescimento da busca de procedimentos por esta faixa etária acontece especialmente por conta das redes sociais. “A expansão das redes sociais durante a pandemia acabou por aumentar a preocupação dos jovens com sua imagem, uma vez que fotos e vídeos são comuns, filtros de apps acabaram criando um padrão de beleza na sociedade e a busca por likes é intensa”, avalia o especialista, que registrou um aumento de 75% nos atendimentos de jovens e adolescentes em seu consultório nos últimos meses.
Alan Landecker, cirurgião plástico: "busca por likes é intensa". Foto: Divulgação
Levando em consideração o caso de Suzanna Freitas e que os adolescentes brasileiros lideram a busca mundial por cirurgias plásticas, o Portal Eu, Rio! conversou com Alan Landecker para esclarecer porque os pessoas nesta faixa etária estão procurando os procedimentos estéticos.
Portal Eu, Rio!: A que o senhor atribui o aumento do número de cirurgias plásticas em jovens e adolescentes durante a pandemia?
Alan Landecker: A porcentagem de jovens e adolescentes atendidos durante a pandemia foi de 30 a 40%. Este número é bastante expressivo porque os serviços de ensino estiveram fechados. Com isso, as pessoas conseguiram permanecer mais tempo em casa, o que facilita a recuperação nos casos de cirurgia.
PER: As redes sociais influenciaram neste crescimento?
AL: Também houve uma popularização das redes sociais durante a pandemia. Com isso, os adolescentes acabam se comparando muito a imagens de celebridades e de outros jovens influenciadores.
PER: O que isso gerou?
AL: Uma certa ansiedade nesta faixa etária. Falei sobre este assunto, inclusive, no meu Instagram. Essa é uma situação de dismorfia ou distorção. As pessoas acabam se comparando a fotos manipuladas através do Photoshop, com filtros e maquiagens. Com isso, os influenciadores publicam fotos irreais e o jovem acaba se comparando a este padrão inexistente.