Primeira e única Trans a participar do Big Brother Brasil, Ariadna Arantes agitou a web com um bate-papo revelador e cheio de emoções com o jornalista, CEO do site Pheeno, Thiago Araújo. A ex-sister usou o canal de comunicação para fazer um balanço sobre os participantes LGBTs da atual edição do programa. “Pode parecer um pouco tosco o que eu vou falar, mas não me levem a mal! Muita gente hoje em dia fala de bissexualidade para querer um pouco abraçar a nossa bandeira”, ressaltou Ariadna, deixando claro que estava se referindo a uma participante específica. “Quem é a pessoa que eu não gosto que diz que é bi e nunca foi vista com uma mulher?”, chegou a brincar, em tom de suspense.
A conversa foi ao ar em duas partes dentro do programa “Estúdio Pheeno”. No segundo episódio, ela também contou sobre sua viagem ao lado de Anitta e a amizade entre as duas. “Eu sou amiga da Anitta há 10 anos. Nunca fomos amigas de infância, mas ela sempre foi uma querida comigo. Quando ela foi fazer aquele show com o Fred de Palma, eu ajudei ela na tradução do Italiano. Ela continuou na Croácia e eu vim primeiro para resolver algumas coisas. Quando ela terminou o compromisso de trabalho, a gente foi se divertir. Foi incrível!”, contou Ariadna, deixando claro que arcou com suas próprias despesas. “Graças a Deus deu para me virar, tá gente? Porque a Anitta não me bancou não. O povo logo acha que a gente já se encosta. Mas peguei um apartamento, humildezinho, do lado do hotel em que ela estava. Paguei minha ida e volta no avião, minha comida... fiz todo o rolê, cada uma com a sua grana” explicou.
Outro ponto esclarecido pela ex-BBB foi sobre seu ensaio nu para a extinta revista Playboy. “Eu fui muito sacaneada!”, afirmou Ariadna, que contou ter sido de certa forma chantageada pela produção da revista, que a procurou depois de uma entrevista dada pela sister no programa do Faustão, em que falou sobre seu desejo de posar para a revista. “A pessoa veio fazer a proposta, já meio que me ameaçando, dizendo que por eu ter falado em rede nacional que iria posar para a revista, se não aceitasse, entrariam com ação contra mim por ter falado o nome da marca. E eu sabia que não estava fazendo um negócio bom, porque a proposta não tinha sido legal. Não comprei apartamento, perdi meu carro, que eu tinha comprado esperando quitar quando recebesse o dinheiro deles”, lembrou.
Na mesma pegada do primeiro vídeo, a ex-BBB falou um pouco mais sobre os preconceitos sofridos e assumiu se sentir sozinha e deslocada. “Teve uma Parada LGBTQIA+, que eu não fui para o evento, mas fui para o after para me apresentar. Lembro que me senti estranha, porque eu via todas as bichas com os braços cruzados me olhando sérias. Mas segui o ritmo. No final, o dono do local veio me agradecer e deixou claro que foi o único que me queria ali, porque o restante falava que eu tinha operado e por isso não era mais do meio LGBTQIA+. Muito sem graça, eu respondi que o meio hétero não me aceita porque acham que eu não sou uma mulher e o LGBTQIA+ não me aceitava mais por achar eu era uma mulher cis agora. Então perguntei: de que lado eu sou? No fundo, sempre foi assim, e ainda é. Me sinto sozinha. Acho que pode ser um pouco de implicância comigo também”, supõe ela.
Participação no BBB
Na primeira parte do programa, Ariadna Arantes, entre outros assuntos, também aproveitou a ocasião para contar o motivo que a fez não querer abrir sobre sua identidade de gênero e a cirurgia de troca de sexo dentro da casa, durante sua participação. “Acho que o Brasil não estava preparado. As pessoas não entendem. Eu fiz uma cirurgia muito séria, que muda a vida de um pessoa. Dentro do Big Brother, na primeira semana, eu me abri para algumas pessoas mais próximas. Mas isso não significa que eu era obrigada a abrir para todos, porque isso é uma coisa que preciso me sentir segura e confortável de compartilhar. As perguntas são muito chatas: ‘Você fez a cirurgia, ah mas você tem orgasmo?’, ‘você tem sensibilidade?’, ‘mas entra?’, ‘Tem buraco?’... indagam essas coisas. Eu já tinha três anos de operada e continuava a escutar tudo isso. Já sabia que ia ter de enfrentar todas essas perguntas quando saísse, e ainda ter que passar lá dentro também? Cansaço, né?”, confessou.
Preconceito pós-BBB
Ainda nesta pegada das cobranças, Ariadna também não deixou de falar sobre os preconceitos vividos após sua participação na 11ª edição do programa. “Hoje em dia já não existe mais o preconceito com o “ser ex-BBB”, porque entraram pessoas midiáticas, fortes como influenciadores. Então, hoje em dia, eles são ex-BBBs. Eu não sei se eles gostam muito, mas são. Não tem como negar. Mas antigamente era um preconceito muito grande. Então você imagina eu, a primeira mulher que passou pela transição, na minha condição, que estava ali participando de um programa, preta e ainda ex-BBB? Nossa!”, destacou a moça, que apesar disso, se declara grata à visibilidade que ganhou depois do jogo. “Tudo meu, nessa parte midiática foi fruto do Big Brother. Então se hoje em dia eu consigo me manter, as minhas conquistas, graças à Deus, é por conta do BBB”, concluiu.
O quadro com a entrevista faz parte do canal “Pheeno TV”, que tem como principal objetivo a produção de conteúdo que destaque e valorize a cultura LGBTQIA+.