Em nota divulgada no início da tarde de hoje (5.4), o governo federal apresentou indicadores para afirmar que o nível de investimento no país aumentou ao longo de 2020, a despeito da pandemia, tendo, inclusive, superado o ritmo da retomada ocorrida após o período recessivo de 2008 a 2009 (governo Lula).
Entre os fatores para esse desempenho positivo, o Executivo aponta a contribuição dos bancos privados como determinante para “a forte elevação do crédito (2020), a despeito da menor contribuição do setor público, inclusive do BNDES, sem contar outras fontes, como a emissão de dívida interna e externa e o mercado acionários, importantes para o financiamento das empresas”.
Como exemplo, o documento do Planalto destaca que o estudo das séries de produção industrial de bens de capital e de insumos típicos da construção civil – itens da formação bruta de capital fixo (FBCF) – teria apontado um patamar de investimento superior ao registrado no período pré-crise, mesmo desconsiderando, como fator, a importação de plataformas.
O estudo também destaca a contribuição, para esse resultado, da desregulamentação e de inovações no mercado financeiro. Mesmo considerando a recessão de 2020 a ‘pior em 120 anos’, a nota atribui o resultado positivo do investimento à queda, em patamares baixos, das taxas de juros, melhorias estruturais no mercado de crédito e a expectativa em torno de um ambiente mais estável, decorrente de um processo de consolidação fiscal”. A nota do Executivo federal, porém, não disponibiliza informações ou dados que atestem a alegada melhoria fiscal, num país de orçamento incerto que balize os investimentos privados mencionados.
‘Incerteza reduzida’
Para o governo federal, os resultados positivos decorrem de fatores, como “a queda dos juros reais futuros, pois o processo de ajuste fiscal reduz a incerteza do caminho da dívida e diminui o risco país” e que a “melhoria do ambiente econômico seria uma resposta às reformas estruturais”. Neste caso, também, há carência de informações, uma vez que a única reforma estrutural realizada por esse mandato seria a previdenciária, cujos ganhos, bem localizados, já foram há muito assimilados pela economia.
Numa ‘mea culpa’ de última hora, o governo admite, porém, que a possibilidade de “piora do cenário fiscal tem potencial para ‘desancorar’ as expectativas de inflação e deteriorar a trajetória inflacionária, elevando o risco-país e taxa de juros de longo prazo”. Ou seja, a incerteza permanece quanto à condução da Economia, em meio a rumores – não confirmados – de uma eventual queda do titular da pasta, que estaria sendo fritado pelo ‘fogo amigo’ aliado no Congresso, tendo em vista dividendos eleitorais mais adiante.