Dario Messer, o 'doleiro dos doleiros' nos esquemas financeiros do ex-governador Sergio Cabral, foi denunciado com mais quatro pessoas pelo Ministério Público Federal (MPF). As denúncias são por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crime contra o sistema financeiro de apropriação indébita. Foram denunciados, além de Messer, o cabeça do esquema entre os executivos financeiros, João Paulo Julio Lopes e Miguel Julio Lopes, donos da corretora Advalor; e os doleiros Chaaya Moghrabi(Yasha) e Flávio Dib.
As operações Câmbio Desligo, Calicute, Tolypeutes e Advalorem apuraram esses crimes. Os delitos foram cometidos a partir das movimentações financeiras da Advalor. A corretora funcionava tanto para armazenar recursos ilícitos de agentes públicos como para efetivar pagamentos em favor deles.
Além da condenação dos denunciados, o MPF pede a reparação de danos morais e materiais em valores de R$ 20.062.456,00 para Miguel Julio Lopes e João Paulo Julio Lopes e de R$ 7.542.456,00 para Dario Messer, Chaaya Moghrabi e Flávio Dib.
O Ministério Público Federal informou em nota oficial que a corretora operava em favor do ex-secretário de Transportes do Rio de Janeiro Luiz Carlos Velloso, que teria utilizado os serviços de Miguel e João Paulo Julio Lopes para movimentar parte dos recursos desviados das obras da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (General Osório, em Ipanema, ao Jardim Oceânico, na Barra).
A denúncia relata que os donos da Advalor, Miguel e João Paulo Julio Lopes ajudaram Luiz Carlos Velloso a ocultar R$ 5,9 milhões. A propina da Carioca Engenharia ao ex-secretário de Transportes era paga em espécie na sede da corretora no Centro do Rio. De 2016 em diante, Velloso começou a ter dificuldade em retirar os valores que estavam depositados na corretora, onde permanecem até hoje R$ 700 mil.
“Os administradores da empresa Advalor, Miguel Julio Lopes e João Paulo Julio de Pinho Lopes, que funciona como verdadeira instituição financeira, operaram com recursos ilícitos de agentes públicos e acabaram se locupletando pelo fato destes agentes públicos terem sido investigados e seus ilícitos descobertos. Isso porque na medida em que os ilícitos foram descobertos, os administradores da empresa Advalor não devolveram os valores que lá estavam depositados”, relatam no texto da denúncia os procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.
O dólar-cabo, mecanismo mais sofisticado e voltado para transferências sem rastro ao exterior. teria sido usado pelos irmãos para realizar operações com a ajuda dos doleiros Dario Messer, Chaaya Moghrabi (Yasha) e Flávio Dib, além de Renato e Marcelo Chebar, Cláudio Barboza e Vinicius Claret. A Advalor era vendedora de dólares no exterior e, sempre segundo apontado pelas investigações, recebia os recursos em espécie no Centro da cidade.
“No caso concreto, os irmãos Chebar e Chaaya Moghrabi (“Monza”) tinham interesse no crédito de dólares nas contas que operavam no exterior, enquanto Miguel Julio Lopes e João Paulo Julio de Pinho Lopes, por intermédio de Flavio Dib, precisavam de recursos em espécie, sendo Juca e Tony responsáveis por ligar essas duas pontas”, explica a denúncia. As investigações identificaram oito operações desta natureza entre março de 2013 e fevereiro de 2014, no valor total de US$ 1.032.807,00.