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Movimento indigenista culpa a falta de demarcação de terras pelo atentado à cacique

Por Andrew Miranda em 14/09/2018 às 11:05:29

Divulgação

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste, foi a falta de demarcação de terras indígenas pelo Governo Federal a principal causa do atentado sofrido por volta das 20h30 desta quarta-feira pela cacique Madalena Pitaguary, no território tradicional do povo, no município de Pacatuba, a poucos quilômetros de Fortaleza, no Ceará. A líder indígena levou um tiro na nuca ao lutar contra um homem encapuzado que a emboscou em uma estrada de terra, enquanto ela, a irmã, o neto e uma vizinha, andavam de uma aldeia à outra. Durante a luta, o homem disparou o revólver e fugiu.

Ela foi levada ao Hospital Municipal de Maracanaú. Segundo a unidade, a bala não chegou a fraturar o crânio. O estado de saúde é estável e ela não corre risco de morte. Ela foi encaminhada consciente ao hospital. Logo depois de alguns exames, ela foi transferida para o Hospital Instituto Doutor José Frota, no Centro de Fortaleza.

O Cimi emitiu uma nota de repúdio sobre o atentado: 

“O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste subscreve a presente nota e torna público o seu veemente repúdio aos atos de violência contra os povos indígenas no Brasil, em particular ao atentado sofrido pela cacique Madalena Pitaguary (...). Infelizmente não se trata de um ato isolado. Lideranças Pitaguary vêm sendo vítimas de pauladas, ameaças de todo tipo, um indígena foi queimado vivo, mulheres comumente são espancadas e agora este covarde atentado contra Madalena Pitaguary.

Além de agressões físicas e atentados, os Pitaguary têm sido vítimas de diferentes estratégias de violência, caso dos grandes empreendimentos em seu território. Recentemente o povo enfrentou na Justiça, e saiu vitorioso, empresas de mineração que buscam dilapidar áreas do território.

Estes são efeitos incontestáveis da violência extrema possibilitada pela falta de conclusão do procedimento de demarcação da terra indígena, pleiteada pelos Pitaguary há décadas. A situação se tornou ainda mais dramática após a Portaria 001 da Advocacia-Geral da União (AGU), que oferece um ambiente favorável aos agressores e invasores dos povos e terras indígenas.

O Cimi Regional Nordeste se solidariza com os Pitaguary e exige investigação imediata deste crime. Bem como a conclusão da demarcação da Terra Indígena Pitaguary e a retirada dos invasores. A permanência desta situação tem gerado dissociações e sofrimentos para o povo. 

Não podemos admitir tal padrão de violência impune e abjeta, atos arbitrários e criminosos que operam no plano material e simbólico e se impõem sobre o povo Pitaguary de maneira atroz. Colocamo-nos em apoio, denunciando a violência que os indígenas têm sofrido. Que suas terras sejam demarcadas e as investigações das autoridades públicas sejam realizadas. Pelo fim do descaso das autoridades e da falta de justiça e reparação”, disse um trecho da nota.

 A Polícia Civil do Ceará apura o caso. 

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