“Circula pelas redes sociais um post atribuído ao novo diretor-geral da Polícia Federal (Paulo Maiurino), que aponta um mentiroso plano envolvendo ministros do STF. Trata-se de perfil não verificado e, segundo a PF, falso”, disparou no final da tarde dessa segunda (19) o site do Supremo Tribunal Federal (STF), rechaçando por completo a veracidade da postagem de twitter, lida hoje (19) online pela jornalista e apresentadora Leda Nagle, segundo o qual os ministros da Corte estariam envolvidos, num suposto conluio com o ex-presidente Lula, em um plano para matar o presidente Jair Bolsonaro.
A reação da Corte ocorreu poucos instantes antes de a própria Leda divulgar novo vídeo, já pedindo desculpas pelo anterior, sob a alegação de “não houve tempo para checar a informação, procedimento básico de todo jornalista, antes de veicular tal ‘bomba’: “Algum membro do grupo, por má fé ou porque ficou impactado pela notícia, pinçou um trecho de dois minutos de uma live de 47 minutos e viralizou antes mesmo que eu tivesse voltado com a checagem completa da informação, até porque não tem live no domingo e isto só aconteceria às 20h de hoje [segunda] em live aberta de toda segunda. Agora que vocês já conhecem o que aconteceu, peço desculpas”.
Apesar de ter viralizado e provocado grande repercussão, a postagem não mereceu da jornalista o reconhecimento – ou ‘mea culpa’ – compatível com a gravidade da “denúncia”.
MP de olho
A expressão “algum membro do grupo” poderá ensejar investigação do Ministério Público (MP), para que seja conhecido o autor da postagem enganosa, ainda mais pela atitude da jornalista, de exibir, por pelo menos duas vezes, durante seu vídeo, a fachada do Supremo, como se chancelasse a informação ao seu público, de milhares de seguidores. Daí a preocupação de todo profissional da imprensa de verificar a procedência da informação, antes de usá-la.
Apesar das desculpas públicas da apresentadora, o episódio poderá não ficar só nisso, pois pode ser interpretado como crime de calúnia, previsto no artigo 138 do Código Penal, segundo o qual “caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga”. Resta saber se a Justiça, caso seja formalizada denúncia, abra ação com essa finalidade.
Fato notório
Muito tempo antes do ocorrido nesta segunda, já era fato notório que a conta de Maiurino já havia sido, por diversas vezes, invadida, o que já colocava em dúvida, de antemão, qualquer dado ou informação que partisse dali. Ainda assim, Leda leu sem checar, divulgou sem saber a idoneidade da fonte e da informação – preliminarmente identificado como ‘Grupo da Notícia’.
'Corrente criminosa'
Já o site O Antropofagista publicou nota afirmando que “Leda Nagle não repassou um fake news, ela é parte de uma corrente criminosa que tem intenção de caluniar quem essa corrente imagina ser adversário de Bolsonaro”, arrematando que “seu crime (de Leda) contra a honra de Lula e dos ministros do STF está registrado pela própria autora. Ainda mais com a difusão de mensagens pela Internet e demais meios midiáticos de comunicação como é o caso. Para que se configure o crime de calúnia, é preciso que seja narrado publicamente um fato criminoso. E foi exatamente isso que Leda Nagle fez”, fulminou.
Supremo alerta
Sem polemizar sobre o caso, o STF “reitera o alerta para a importância da checagem de informações suspeitas, como forma de evitar a propagação de fake news com o nome de autoridades e membros da Suprema Corte”, acrescentando que “para conscientizar a sociedade sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal (STF) lançou a série “#VerdadesdoSTF”.
Veja o teor da postagem falsa no twitter
“O delegado Paulo Maiurino divulgou a seguinte nota. Hoje foi a quarta vez que derrubaram minha conta, eu recebi 16 ameaças de morte por e-mail e várias ameaças no twitter, entre outras coisas. Não posso e não quero ser imparcial, sou a favor de Jair Bolsonaro e aos que me ameaçaram eu sei onde estão. Partiu daqui de Lula (oficial?) e de outros a ideia de matar Bolsonaro. Por enquanto, vocês não podem saber muito, mas logo saberão e quem quer pensar que é falsa a informação, fique à vontade. Nos próximos dias, saberão de muitas coisas. Deus abençoe vocês. Paulo Maiurino”.
Após alguns segundos de silêncio, Leda continua: “Quando fala daqui, ele (o delegado, segundo Leda) acreditem ou não, Lula e o STF querem acabar com o presidente (Bolsonaro) e por um motivo bem forte, mais da metade das cadeiras dos urubus de capa preta receberão propina e antes que meu perfil caia novamente, vou dizer novamente a ideia de matar Bolsonaro (mostra a foto do STF de novo). “Eu realmente não sei o que fazer, fico muito assustada com isso tudo, que não é política, é tudo menos política”, concluiu.
A reportagem do portal Eu, Rio! tentou contato com a jornalista, pela rede social, para que respondesse aos questionamentos, mas não obteve resposta.