A intolerância religiosa agora também virou moda entre os famosos. A celebridade da vez é o cantor Latino, que se tornou alvo, nessa terça-feira (20) de notícia-crime por intolerância religiosa, por parte da Secretaria Municipal de Cidadania do Rio, na pessoa do titular Átila Nunes, para quem a declaração do artista viola a liberdade religiosa.
No cerne do conflito, a declaração do artista, em entrevista ao podcast Flow Podcast”, na última quarta-feira (14), na qual atribuiu a morte de seu macaco de estimação, Twelves, por atropelamento, “a rituais de adeptos de religiões de matriz africana”, e que seu “bicho de estimação teria sido vítima de macumba”. A seguir, a declaração do cantor na rede social:
“Nessa parada de centro espírita, nesse bagulho de macumba, os caras fazem trabalhos pesados pra infernizar a vida do outro. E aí fizeram um trabalho, sei lá, de ebó… Sei lá que p* que chama essa m* de ‘macumbaria’”, disse o cantor.
Shows cancelados
O comportamento de Twelves também serviu de argumento para Latino, em sua acusação infundada contra a umbanda. “O macaco nunca saía de casa, tomava café comigo. Ele tinha uma vida como se fosse filho”, lamentou o cantor, que chegou a cancelar shows de duas semanas para que superasse a ‘tragédia pessoal’, que “o fez sofrer muito com sua partida”.
Latino completa seu ataque, ao explicar que “pode ser qualquer bicho que tenha um apego muito grande a você. Nessa parada de centro espírita, nesse bagulho aí de macumba, os caras fazem trabalhos pesados pra infernizar a vida do outro”, disparou. Dessa forma, o artista passou do lamento pela perda do bicho, a uma associação automática com “a ação de adeptos de determinada religiões de matriz africana”.
'Não podemos ignorar'
Frente às declarações do artista, a secretaria apresentou denúncia-crime à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) contra Latino. Na avaliação de Átila Nunes, “é lamentável que uma pessoa pública use o seu espaço na mídia para propagar uma mensagem preconceituosa e que contribui para alimentar a intolerância contra as religiões de matriz africana”, e lançou um alerta: “Não podemos ignorar o que aconteceu ou normalizar uma ofensa à crença do próximo”, advertiu o secretário, ao completar que, “tal atitude “estimula preconceito às religiões de matriz africana ao associar morte de macaco à rituais de centros espíritas”
De acordo com o artigo 208 do Código Penal, intolerância religiosa é crime, sujeito a aplicação de multa e detenção de um mês a um ano para quem escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa. A informação é que a Polícia já começou a investigar o caso.
Rede não perdoa
Como era de esperar, alguns fãs se manifestarem pela reprovação da atitude de Latino, em redes sociais, que lhes fizeram jus, como: “Que absurdo”, “Preconceito puro” ou “Intolerância religiosa pura”.
Sem retorno
Procurado pela reportagem do site Eu, Rio, a assessoria do cantor Latino não se manifestou a respeito do ocorrido, que ainda deve render polêmicas por um bom tempo na mídia, como era de se esperar.