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Com habeas corpus no STF, Pazuello depõe como investigado à CPI da Pandemia

Sem obrigação de falar, ex-ministro será cobrado por resposta lenta a oferta de vacina e insistência no 'kit-Covid'

Por Portal Eu, Rio! em 14/05/2021 às 20:55:09

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello poderá ficar calado na CPI da Pandemia no depoimento marcado para o dia 19/5, quarta-feira. O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski concedeu habeas corpus preventivo, no qual proíbe constrangimentos e prisão. Antes, o general, que respondeu por nove meses pela pasta da Saúde, havia pedido para adiar o depoimento e ficou de quarentena, sob o argumento de que manteve contato com pessoas infectadas pelo coronavírus. Pazuello entrou com o pedido de habeas corpus e teve em seu favor também um pedido, no mesmo sentido, apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU).

Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), "a conduta de perseguição da oposição" resultou no habeas corpus para Pazuello. Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) destacou que há muitos outros instrumentos de investigação na CPI, como a quebra de sigilos.

Ouça no podcast do Eu, Rio!(eurio.com.br) a reportagem da Rádio Senado com a repercussão na CPI da Pandemia da decisão do Supremo Tribunal Federal reconhecendo os direitos de investigado do General Pazuello.



Na terceira semana de depoimentos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve dois ex-ministros do governo Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello (Saúde). Os dois são considerados peças-chave para esclarecer a condução do governo federal no enfrentamento da crise sanitária da covid-19. Agendada para quarta-feira (19/5), às 9h, a audiência de Pazuello é a mais esperada. Dos quatro ministros que comandaram o Ministério da Saúde durante a pandemia, Pazuello foi o que ficou mais tempo no cargo.

General do Exército e especialista em logística, Pazuello assumiu interinamente o ministério em 16 de maio de 2020, após a saída de Nelson Teich. Ele foi efetivado no cargo em 16 de setembro e exonerado no dia 23 de março de 2021. Estava no comando da pasta quando a Pfizer fez uma oferta de 70 milhões de doses de imunizantes ao Brasil, segundo o presidente regional da empresa na América latina, Carlos Murillo. Em 11 de fevereiro deste ano, durante sessão no Plenário do Senado, Pazuello afirmou que eram somente 6 milhões ofertadas pela Pfizer.

Em depoimento à CPI na quinta-feira (13), o representante da Pfizer detalhou três ofertas feitas em agosto de 2020 ao governo brasileiro. Todas, segundo ele, ficaram sem resposta. Somente em 19 de março de 2021 foi assinado contrato com a empresa.

No requerimento de convocação de Pazuello, feito pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), este afirma que os depoimentos dos ex-ministros da Saúde são imprescindíveis para elucidar as providências tomadas pela pasta para enfrentar a pandemia. Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Viera (Cidadania-SE) também apontam que Pazuello precisa explicar a insistência do governo no chamado “tratamento precoce” e a crise de oxigênio em Manaus (AM).

Convocado para prestar depoimento na condição de testemunha, Pazuello seria obrigado a dizer a verdade sob o risco de ter sua prisão decretada, conforme chegou a ser pedido pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros, diante das contradições em cascata do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten.

Mas, na quinta-feira (13), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal que o ex-ministro da Saúde possa permanecer calado, sem correr o risco de ser preso. O ministro Ricardo Lewandowski, que ficou responsável por analisar o pedido, proferiu decisão favorável ao habeas corpus preventivo, invocando o artigo da Constituição que assegura a investigados o direito de não produzir provas contra si.

Eduardo Pazuello entrou com um pedido de habeas corpus no STF para poder ficar em silêncio na CPI na hora em que julgar necessário. Além do pedido do próprio ex-ministro, a Advocacia-Geral da União (AGU) também apresentou um habeas corpus em favor de Pazuello no STF no mesmo sentido. Antes, Pazuello já tinha pedido à CPI o adiamento de seu depoimento, alegando ter tido contado com pessoas infectadas com o coronavírus.

Na decisão desta sexta-feira (14), o ministro Ricardo Lewandowski, que concedeu o habeas corpus, afirmou que, além da garantia de não ser preso na comissão, há farta jurisprudência no STF para garantir a possibilidade de silêncio de Pazuello na CPI. O texto também ressalta que o ex-ministro tem o direito de não produzir provas contra si. Nos últimos 20 anos, o Supremo garantiu o mesmo direito a pelo menos 12 alvos de CPIs.

Foi o que ocorreu em 2012, na CPI do Cachoeira (referência ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, financiador do Caixa 2 de campanhas eleitorais). O empresário Adir Assad permaneceu em silêncio porque obteve do STF um habeas nesse sentido. Aredes Correia Pires, ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, e Jayme Rincón, então presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras, também conseguiram o recurso no Supremo.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), escreveu em sua conta em uma rede social que o depoimento de Pazuello é importante para o aprofundamento da investigação.

“Esperamos que o Supremo deixe que a CPI continue seus trabalhos e cumpra sua função. Até agora não há prejulgamento de ninguém. Todos os depoentes estão sendo chamados como testemunhas. Até agora, repito, ninguém é investigado”, apontou.

Em ofício enviado nesta sexta-feira (14) ao ministro Lewandowski, Renan Calheiros afirmou que a eventual concessão de habeas corpus para Pazuello prejudicará os trabalhos de investigação da comissão.

“Negar-se a responder à CPI é esconder do povo brasileiro informações cruciais para compreender o momento histórico, responsabilizar quem tenha cometido irregularidades e evitar que se repitam os erros que levaram à morte de quase meio milhão de brasileiros”, aponta o relator no ofício.

Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues aponta que Pazuello já vinha demonstrando pouca disposição de comparecer à comissão, lembrando a alegação de que o ex-ministro havia tido contato com pessoas com covid-19 para evitar o depoimento na semana passada.

Ex-chanceler responderá sobre hostilidade à China e efeito na oferta de vacinas

Marcado para terça-feira (18) às 9h, o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo atende a pedidos de senadores que querem que ele explique a condução da diplomacia brasileira durante a pandemia. A relação do Brasil com a China deve ser um dos pontos mais questionados pelos parlamentares da CPI da Pandemia. Segundo o senador Marcos do Val (Podemos-ES), a política externa sob a gestão do ex-chanceler pode ter atrasado a compra de vacinas.

“É fato público e notório que o senhor Ernesto Henrique Fraga Araújo, durante o período em que foi ministro de Relações Exteriores, executou na política externa o negacionismo de Bolsonaro na pandemia, o que teria feito o Brasil perder um tempo precioso nas negociações por vacinas e insumos para o combate à covid-19”, aponta o senador. Outro requerimento para ouvir Araújo, exonerado do ministério no fim de março, é assinado por Alessandro Vieira.

Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina, responderá sobre crise do oxigênio em Manaus

Está marcado para quinta-feira (20) o depoimento de Mayra Pinheiro, a 'Capitã Cloroquina', secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde. Ela deverá explicar aos senadores a defesa de medicamentos antivirais durante a crise de oxigênio em Manaus (AM) no início do ano. A convocação atende a pedidos feitos pelos senadores Alessandro Vieira, Randolfe Rodrigues, Renan Calheiros e Humberto Costa (PT-PE).

Os depoimentos tiveram início no dia 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no cargo, compareceu à CPI. Em seguida (dia 6/5), foi a vez do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A segunda semana foi aberta com o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres (11/5). Na quarta-feira (12/5), a CPI ouviu o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten; e na quinta-feira (13/5), o representante da Pfizer, Carlos Murillo.





Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Senado,TV Senado e Rádio Senado

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