O acompanhamento dos esgotos mostra aumento da presença do coronavírus no Rio de Janeiro e em Curitiba, com queda em Belo Horizonte e Brasília, no mês de maio. O primeiro boletim da Rede Monitoramento Covid Esgotos, relativo a maio, comparou a carga viral nessas quatro capitais nas últimas semanas. Na região metropolitana do Rio, mesmo com resultados definitivos ainda indisponíveis, a concentração das cópias do vírus apresenta uma tendência de aumento. A Rede de Monitoramento é coordenada pela ANA e o Instituto Nacional em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgotos, com apoio do CNPq e parceria com universidades federais e companhias locais de saneamento.
Para o Rio de Janeiro, os resultados de cargas virais no esgoto ainda não estão disponíveis e a mensuração se dá com base nas concentrações, em milhares de cópias do novo coronavírus por litro, tanto nas ETEs quanto nas estações elevatórias de esgoto (EEE) monitoradas. Os resultados das últimas semanas têm apontado para uma tendência de aumento nas concentrações do novo coronavírus no esgoto da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Além disso, as concentrações estão elevadas – acima de 25 mil cópias do vírus por litro – em todos os dez pontos monitorados, sendo quatro ETEs na capital fluminense (Alegria, Barra, Penha e Vargem Grande), uma em São Gonçalo (ETE São Gonçalo) e uma em São João de Meriti (ETE Sarapuí). Ainda na capital, nas estações elevatórias Leblon e André Azevedo, assim como nas ETEs Pavuna e ETIG, as concentrações estão em níveis elevados. Esse situação se manteve nas semanas epidemiológicas 18 (2 a 8 de maio) e 19 (9 a 15 de maio).
Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Radioagência Nacional sobre o monitoramento da carga viral de Covid-19 nos esgotos, instrumento que antecipa possíveis riscos de aumento do ritmo de contágio em cada região.
A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril, acompanhará as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca fornecer subsídios para auxiliar a tomada de decisões para o enfrentamento da pandemia atual.
Em Belo Horizonte, cidade pioneira no monitoramento, desde abril do ano passado, esse é o menor valor desde outubro de 2020. Mas, apesar da diminuição, a presença do coronavírus continua elevada, chegando a 4 trilhões de cópias por dia. Na capital mineira, o monitoramento dos esgotos ocorre desde abril de 2020.
Em Brasília, os valores registrados em maio foram os menores desde o início da coleta no começo de abril deste ano. Em 15 de abril, foi anotado o pico de quase 200 trilhões de cópias do coronavírus por dia, sendo que apenas em 13 maio houve queda para 7 trilhões.
Já Curitiba teve aumento da carga do vírus nas últimas semanas. Em março, foram registrados 400 bilhões de coronavírus nos esgotos da capital paranaense, contra 12 trilhões em 11 de maio.
O coordenador da Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA (Agência Nacional de Águas), Carlos Perdigão, explica que o monitoramento permite ainda ampliar as informações para o controle da pandemia.
A pesquisa ainda vai analisar os esgotos de Recife e Fortaleza, e por isso os dados dessas duas cidades não estão disponíveis. Os boletins serão divulgados mensalmente.
A Rede Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de acompanhar a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. A rede busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar na tomada de decisões por parte das autoridades locais de saúde.
Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.
A vigilância do novo coronavírus no esgoto também pode auxiliar nas tomadas de decisão relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. De quebra, pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.
A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.
Fonte: Com Radioagência Nacional