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Mundo do samba lamenta morte de Dominguinhos do Estácio

Intérpretes de outras agremiações também lamentaram o falecimento do colega

Por Anderson Madeira em 31/05/2021 às 13:25:39

Dominguinhos do Estácio. Foto: Agência Brasil

O samba brasileiro amanheceu hoje mais pobre, com a morte do intérprete Dominguinhos do Estácio, na noite de ontem (30), aos 79 anos. Ele estava internado desde o último dia 11 no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, no bairro do Fonseca e teve uma hemorragia cerebral. No último dia 20, precisou ser intubado. Ele completaria 80 anos em agosto. Escolas de samba do Rio de Janeiro e sambistas lamentaram o falecimento do artista. Dominguinhos deixa cinco filhos. Ainda não há informações sobre o enterro.

A Unidos do Viradouro, de Niterói, atual campeã do Grupo Especial, divulgou uma nota de pesar em suas redes sociais:

“A Unidos do Viradouro lamenta profundamente a morte do músico, compositor e intérprete Dominguinhos do Estácio.

Por 11 anos, Dominguinhos foi o intérprete oficial da Viradouro, e emocionou milhões de corações. Sua voz inconfundível e seu carisma cativaram nossa comunidade, criando uma relação única e especial, que ficará para sempre na história do samba e da Viradouro.

É com imenso pesar que a Viradouro se despede hoje de um dos maiores intérpretes do carnaval.

Descanse em paz, Dominguinhos”.

No Carnaval de 2020, ano em que a Viradouro conquistou seu segundo título, ele teve um infarto após o desfile da agremiação e foi direto do Sambódromo para o hospital.

“Dominguinhos é um ídolo, uma referência para o Carnaval. Tanto para mim quanto para outros intérpretes também. Para eu e tantos outros estarmos aqui é porque Dominguinhos e outros ícones do Carnaval carioca abriram as portas para a gente. Hoje perde-se o amigo, a referência, o ídolo. Como se fosse um pai para mim. Um grande cara. O Carnaval perde muito, mas ficam o legado e a história. Eu tive o prazer e a honra de gravar com Dominguinhos em 2017 na Unidos do Viradouro, no enredo “Todo menino é um rei”, que eu falava para ele: “é uma honra cantar ao seu lado, uma coisa de pai para filho”. Ele dizia para mim: “Zé Paulo, isso é coisa de filho para pai”. É essa a nossa relação. A gente fez todas as homenagens para ele em vida. Ele visitou a Viradouro pouco antes do Carnaval, no final da nossa preparação e fizemos uma homenagem a ele, sem ser nada combinado. Foi emocionante. Ele merece todas as homenagens possíveis. Um ícone que nos deixa. Fica, por outro lado, a certeza de que ele vai para um plano melhor. Vai estar ao lado do Pai, o que conforta a gente”, disse Zé Paulo, intérprete da Viradouro.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, também lamentou o falecimento do intérprete em suas redes sociais.

“Perdemos ontem o grande intérprete e compositor de sambas, Dominguinhos do Estácio. Dominguinhos passou por escolas de samba de destaque e deixa um legado imensurável no mundo do samba.

Brilhou na Unidos do Viradouro, contribuindo para a conquista do primeiro título da escola, motivo de orgulho para os niteroienses.

Toda minha solidariedade aos familiares”.

Outras escolas também divulgaram notas de pesar, como a Acadêmicos do Salgueiro, Mocidade Independente de Padre Miguel e União da Ilha do Governador.

“Dominguinhos, do Estácio, da Imperatriz, da Grande Rio, da Viradouro, DO CARNAVAL! Guerreiro, Coração de Leão, que sejas mais uma estrela a iluminar os sambistas que por aqui ficam, sentindo-se um pouco mais órfãos por conta da sua chegada ao plano astral.

Aos familiares, amigos e a todo mundo do samba, deixamos o nosso lamento e o nosso carinho”, disse, em nota, a diretoria do Salgueiro.

“Lamentamos muito o falecimento do ícone Dominguinhos do Estácio, um dos maiores do nosso carnaval. Desejamos as mais sinceras condolências aos amigos, fãs e familiares. Descanse em paz, Grande Domingos!” disse em nota a Mocidade Independente.

"E o mundo do samba perdeu um dos maiores intérpretes de todos os tempos. Faleceu no último domingo, aos 79 anos, Dominguinhos do Estácio, vítima de complicações de uma hemorragia cerebral.

O presidente Ney Filardi e toda sua diretoria lamentam profundamente a morte de Dominguinhos (também compositor) que marcou época no Carnaval Carioca, ao interpretar sambas inesquecíveis como "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós" (Imperatriz 1989), "Pauliceia Desvairada" (Estácio 1992), "Trevas! Luz! A explosão do universo" (Viradouro 1997), entre muitos outros.

Que Deus possa confortar seus familiares e amigos neste momento tão difícil!

Descanse em paz, Dominguinhos!”, disse a nota da União da Ilha.

Intérpretes de outras agremiações também lamentaram o falecimento do colega.

"É com muita tristeza que recebo a notícia da morte do senhor Dominguinhos do Estácio. Ele é uma referência para mim. Aprendi a cantar, a conduzir sambas, com ele. Ele nos ensinou que a respiração também é música", disse o intérprete da Grande Rio, Evandro Malandro.

"Uma das vozes mais bonitas e elegantes que já vi passar pela Marquês de Sapucaí. Uma grande referência para todos nós, cantores. Vai deixar muitas saudades. Vai com Deus", afirmou o intérprete da Mangueira, Marquinho Art'Samba.

"Meu Deus, mais um amigo se foi!! Dominguinhos do Estácio foi um dos que me viu chegar no mundo do Samba e se tornou um grande amigo e conselheiro. Meus sentimentos aos familiares!!, disse Neguinho da Beija-Flor em sua página numa rede social.

Biografia

Dominguinhos nasceu no Morro de São Carlos, no local denominado de Terreiro Grande.

Começou a carreira como puxador de samba-enredo para a Escola de Samba Estácio de Sá, passou pela Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense.

Em 1996 transferiu-se para a Unidos do Viradouro, escola da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Após 11 carnavais na escola de Niterói, Dominguinhos deixou a Viradouro em outubro de 2007 e ficou ausente dos desfiles do Rio em 2008, sendo um grande desfalque para o nosso carnaval.

Iniciou carreira na década de 1970 como ritmista do bloco carnavalesco Bafo da Onça, logo depois integrou o grupo Exporta Samba. Pasou para a la de compositores da Escola de Samba Unidos de São Carlos, que nos anos 80 passou a se chamar Estácio de Sá.

Em 1986, gravou pela Ricarey o disco "Bom ambiente", no qual interpretou "Fingida" (Arlindo Cruz e Rixa), "Rala o coco, sinhá" (Dedé da Portela e Dida) e "Alô Belém do Pará", de sua autoria em parceria com Darcy do Nascimento. Dois anos depois, Zeca Pagodinho interpretou "Jeito moleque" (c/ Darcy do Nascimento), que deu título ao disco, lançado pela gravadora RCA.

Em 1978, foi intérprete oficial do Acadêmicos de Santa Cruz, em 1979 foi convidado para ser a voz oficial da Imperatriz Leopoldinense, sendo de sua autoria (juntamente com Darcy do Nascimento) o samba que levou a agremiação de Ramos ao seu primeiro título no hoje denominado Grupo Especial, em 1980. No ano seguinte, participou de mais uma conquista da Escola. Após 1983 retornou à Unidos de São Carlos, quando esta mudou de nome para Estácio de Sá, permanecendo por lá até 1988, quando retornou à Imperatriz Leopoldinense.

Em 1989, participou de mais uma conquista da Imperatriz, cantando o célebre samba Liberdade, Liberdade, Abra as Asas Sobre Nós.

No ano de 1989, lançou pela gravadora RGE o LP "Gosto de festa", no qual interpretou várias composições de Almir Guineto, Adalto Magalha, Acyr Marques, Franco e Preto Jóia, além da faixa "Apego" (Lourenço), que teve a participação especial de Lourenço.

Em 1992, gravou pela RGE o disco "Mar de esperança", no qual interpretou vários compositores, entre eles Pedrinho da Flor, Adalto Magalha e Zé Roberto.

Em 1990, foi a voz oficial da escola Acadêmicos do Grande Rio, ajudando-a a ser promovida pela primeira vez ao Grupo Especial. Depois retornou ao berço do samba, ajudando a conquistar seu único título na elite do samba, em 1992.

Em 1995, Dominguinhos ainda como intérprete da Estácio de Sá, participou da disputa de samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense para o ano seguinte, saindo-se vencedor. O então presidente da Estácio, Acyr Pereira Alves, não concordou com isso, e por esta divergência Dominguinhos deixou a escola, retornando à Imperatriz, como apoio no carro de som.

No carnaval de 1997, foi convidado a ser a voz oficial da Unidos do Viradouro, onde na estreia foi o intérprete e um dos compositores do samba-enredo Trevas! Luz! A Explosão do Universo, que deu à Escola niteroiense o seu primeiro título no Grupo Especial. Na Viradouro, Dominguinhos esteve por 11 anos. E em 2009, foi intérprete oficial da Inocentes de Belford Roxo .

No carnaval de 2010 voltou como interprete oficial da Imperatriz, com o lindo enredo "O Brasil de todos os Deuses" cantou e encantou em conjunto com a bateria que fez lindas paradinhas que ficaram ainda melhor pelo fato do Dominguinhos sacudir toda Sapucaí nesses momentos. no ano seguinte, devido a um problema de pressão, não pode cantar nas campeãs, sendo substituído por Alexandre D'Mendes. Quando todos achavam que, devido à saúde debilitada, Dominguinhos ia sair do microfone principal da escola de Ramos, acabou permanecendo. Em 2013, cantou em dupla com Wander Pires na Imperatriz, o que no desfile, causou um certo estranhamento pois estavam em lados opostos, fazendo com que a direção da escola optasse pela sua saída.

No carnaval de 2014, retorna mais uma vez, a escola que o projetou, dessa vez fazendo dupla com Leandro Santos, que a indicou seu retorno ao berço do samba. Também em 2014, retorna ao Rancho Não Posso Me Amofiná, para cantar o enredo de homenagem de 100 anos do Paysandu, clube de coração do intérprete. Em 2015 venceu a Série A, trazendo a Estácio de volta ao Grupo Especial após 8 anos de ausência com um samba escrito por Tempestade dos Santos. Em 2016, manteve a parceria com Leandro Santos e Tempestade, mas agora dividindo o microfone outra vez com Wander Pires - o que ocasionou a saída de Leandro Santos, pouco tempo depois. No entanto, Dominguinhos se afastou devido a problemas de saúde, e acabou não cantando pela Estácio no desfile oficial, ficando apenas Wander. Em 2017, Dominguinhos retorna a Viradouro após 9 anos de ausência, dessa vez, dividindo o microfone com Zé Paulo Sierra. O anúncio foi feito no dia em que a agremiação completou 70 anos de fundação. Mas no desfile oficial não cantou na avenida. Veio numa alegoria da vermelha e branca de Niterói.



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