A morte do ex-locutor esportivo de rádio e televisão, Januário de Oliveira, aos 81 anos. Gaúcho de Alegrete, ele deixa órfão um País inteiro, a começar por seus colegas de profissão.
Luiz Penido lamentou a perda e recordou de acompanhar as transmissões de Oliveira ainda antes de trabalhar na imprensa.
"Foi uma figura marcante na crônica como brilhante locutor, dono de uma voz extraordinária e que vibrava muito", destaca o 'Garotão da Galera'. "Era um criador, assim como Waldir Amaral, apelidou vários jogadores e usava trechos de música ('Tá lá um corpo estendido no chão'). Pegou expressões que o ‘Apolinho’ usava como repórter, “tá fazendo o carreto”; o carreto era o transporte do jogador na maca. Tinha um linguajar muito próprio pra época dele".
Na opinião de Penido, o grande momento na carreira do radialista foi quando trabalhou pela primeira vez em televisão. Na TVE do Rio de Janeiro (atualmente, TV Brasil) de 1984 a 1989, Januário de Oliveira apresentou mesa-redonda e narrou as reprises de jogos transmitidos aos domingos.
Sérgio Du Bocage ingressou na emissora no mesmo ano que Oliveira, e o tempo os fez ter muito mais do que a profissão em comum.
"Foi quando eu o conheci. Quase 40 anos de amizade, então não é simples. Ele se mudou pra Goiânia, depois foi morar em Natal e lá eu o reencontrei em 2016 ou 2017 quando fiz um jogo pela Série C", diz ele, que concorda com Penido e destaca também a passagem do locutor pela TV Bandeirantes. "Em 2019, foi a última vez que eu o vi. Era um amigo, só que estava distante. Marcou muito a minha profissão por conta de uma época em que os jogos transmitidos por videoteipe eram a única alternativa para quem queria ver o jogo na televisão. Até hoje, as pessoas se lembram dos VTs da TV Brasil".
Washington Rodrigues, que há 22 anos comanda o "Show do Apolinho" na Super Rádio Tupi, enfatiza o profissionalismo do colega.
"O Januário narrava com precisão ao mesmo tempo que tinha o lado jocoso que tornava as transmissões muito mais leves e agradáveis".
Durante a carreira, Oliveira, que trabalhou entre 1952 e 1998, agregou alegria, espontaneidade e bordões às transmissões das partidas de futebol. Outros dos mais conhecidos são "Taí o que você queria", "É disso que o povo gosta", "Cruel, muito cruel".
Vinte e três anos atrás, Januário de Oliveira, que era diabético, ficou completamente cego e se viu na necessidade de abandonar a carreira. Ele estava internado em um hospital particular de Natal (RN), tratando de uma pneumonia, e não resistiu a uma parada cardíaca na tarde desta segunda-feira (31).