No último dia 16, o candidato do PSL à Presidência da República, deputado federal Jair Bolsonaro fez a seguinte declaração, no seu leito, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo: “A narrativa agora é que perderei no segundo turno para qualquer um. A grande preocupação não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta”, disse o candidato, colocando em suspeita a lisura das urnas eletrônicas. Diante disso, 40 organizações ligadas aos direitos civis, direito do consumidor, segurança pública, entre outras, além de 88 pessoas assinaram manifesto de repúdio contra as declarações do presidenciável.
O manifesto foi divulgado pelo Movimento Pacto pela Democracia. As organizações também repudiam declaração do vice de Bolsonaro, o general da reserva Hamílton Mourão (PRTB), que recentemente sugeriu que não descarta um autogolpe “com apoio das Forças Armadas” e que uma nova Constituição poderia ser elaborada por pessoas “notáveis” e não por parlamentares eleitos pelo povo.
O manifesto foi intitulado “Contestar as eleições é boicotar a democracia. Pode ser encontrado no seguinte link: www.pactopelademocracia.org.br/blog/contestar-as-eleicoes-e-boicotar-a-democracia
Eis um trecho:
“ Em seu primeiro discurso após a terrível violência da qual foi vítima, o candidato Jair Bolsonaro questionou antecipadamente a lisura do processo eleitoral. Segundo ele, “a possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta". Ao sugerir que só reconhecerá a validade do pleito caso seja vitorioso, o candidato manifesta seu desapreço às regras mais elementares da democracia. (...) Há poucos atos mais simbólicos do sentido da democracia do que o reconhecimento da derrota nas urnas e a legitimação do adversário eleito.
Não à toa, a imprensa costuma noticiar o telefonema de congratulação feito à candidatura vitoriosa pela preterida, no geral poucos minutos após a divulgação pela Justiça Eleitoral do resultado das urnas.
Não é de hoje que vivemos uma crise institucional. É dever de todas e todos -- lideranças políticas, imprensa, instituições de Justiça, cidadãs e cidadãos -- zelar pelas instituições e pela Constituição Federal. A cadeira de presidente da República caberá àquela ou àquele que o povo escolher. Aos demais, cabe reconhecer a vitória e seguir na luta política, democraticamente.
Nesse contexto, repudiamos as declarações dos candidatos Jair Bolsonaro e do General Hamilton Mourão e reafirmamos nosso compromisso com as regras democráticas, com a não-violência, discriminação ou intolerância de qualquer natureza, com os valores e fundamentos expressos na Constituição Federal, conquistados pela ação conjunta de milhares de homens e mulheres que vieram antes de nós.
Reiteramos, por fim, o compromisso de todos, conforme exposto no Pacto pela Democracia, em defender as instituições e práticas democráticas e produzir eleições limpas, diversas e com ampla participação em outubro, capazes de efetivamente representar a cidadania e fortalecer as bases de confiança e legitimidade no ambiente político”.
As organizações que assinam o documento são: Bancada Ativista. Brasil 2030, Bússola Eleitoral, Casa Fluminense, Centro de Liderança Pública, CIVI-CO, Conectas Direitos Humanos, Escola de Governo, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Frente Favela Brasil, Fundação Avina, Fundação Cidadania Inteligente, Geledés – Instituto da Mulher Negra, ICS – Instituto Clima e Sociedade, INESC, Instituto Alana, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec, Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD, Instituto Construção, Instituto de Estudos da Religião – ISER, Instituto Ethos, Instituto Não Aceito Corrupção, Instituto Sou da Paz, Instituto Soma Brasil, Instituto Tecnologia e Equidade, Instituto Update, Instituto Vladimir Herzog, Jogo da Política, LabHacker, Mandato Cidadanista, Maria Farinha Filmes, Movimento Acredito,Movimento Agora!, Núcleo de Estudos de Direito Contemporâneo, Open Knowledge Brasil, Plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político, Quero Prévias, Rede Filantropia para a Justiça Social, Rede Justiça Criminal, Rede Nossa São Paulo, Tapera Taperá, Transparência Brasil, Transparência Partidária, Um Novo Congresso é Possível e Vote Nelas.