Criminoso mais procurado do Rio de Janeiro, Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi capturado e morto pela Polícia Civil na manhã deste sábado (12). O chefe da maior milícia em atividade do estado foi preso enquanto estava na casa de parentes dentro da Comunidade das Três Pontes, em Paciência, na Z ona Oeste.
Ecko foi baleado na investida e foi socorrido pelos policiais, que batizaram a ação de Operação Dia dos Namorados, porque esperaram a visita do criminoso à família no dia 12 de junho. No total, 21 agentes de segurança participaram da operação neste sábado.
O Disque Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levassem ao miliciano.
A quadrilha de Ecko domina boa parte da zona oeste e algumas regiões da Baixada Fluminense e explora diversas atividades nas comunidades. O miliciano, que nunca foi policial, transformou-se no homem mais procurado do Rio desde que assumiu e expandiu os negócios de seu irmão, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morto em confronto com a Polícia Civil, em abril de 2017.
A milícia, anteriormente chamada Liga da Justiça, atingiu o auge em 2007, com assassinatos e controle econômico da região. Na época, os chefes da milícia eram Ricardo Teixeira Cruz, o Batman; Toni Ângelo Souza Aguiar, o Toni Angelo; e Marcos José de Lima, o Gão, todos ex-policiais.
Com todos presos após operações em 2007 e 2008, a configuração da milícia mudou. Carlinhos Três Pontes passou a liderar o grupo. Diferente dos antecessores, ele era ex-traficante do Morro Três Pontes, em Santa Cruz, e tornou-se o chefe do grupo até ser morto. Na época, Ecko assumiu a liderança da Liga da Justiça. Atualmente, o nome do grupo faz referência ao líder: Bonde do Ecko.
A investigação que desencadeou na ação deste sábado começou quando a equipe da DRCPim ainda estava na Delegacia do Consumidor (Decon). A determinação da Secretaria de Polícia Civil era asfixiar as finanças da quadrilha. Assim, as delegacias especializadas começaram a atacar os negócios clandestinos do grupo, especialmente na zona oeste.
Cigarros contrabandeados, água, gás, transporte alternativo e até farmácias usadas para lavagem de dinheiro foram alvos de dezenas de pequenas operações, causando um prejuízo de mais de R$ 50 milhões, de acordo com informações da Polícia Civil.
Governador parabeniza Polícia Civil
Nas redes sociais, o governador Cláudio Castro (PL) disse que a operação foi um “golpe duro nas facções criminosas do Estado”. “Hoje é um dia importante. Demos um golpe duro nas facções criminosas do Estado. Parabéns, Polícia Civil, pela operação cirúrgica e sigilosa que capturou o Ecko, miliciano mais procurado do Brasil”, escreveu Castro, em sua conta no Twitter, sem confirmar a morte do miliciano na operação.
Imagem: Reprodução Twitter
O governador, em entrevista, ainda fustigou seu provável adversário na disputa da reeleição, o deputado Marcelo Freixo, que deixou o PSOL para ingressar no PSB e possivelmente liderar uma frente de centro-esquerda nas eleições. "Tem gente que combate às milícias pelo twitter. Eu combato de verdade", alfinetou Castro.
O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, também usou as suas redes sociais para se manifestar sobre a operação. Ele agradeceu a confiança de Castro. “Obrigado, governador Cláudio Castro, pela confiança. Missão dada pelo senhor e cumprida pela SEPOL (Secretaria de Polícia)”, disse.
Interceptações telefônicas levaram a Polícia a Ecko
A operação policial que resultou na localização de Wellington da Silva Braga, o Ecko, acusado de chefiar a maior milícia do estado, contou com apoio da 1ª Vara Criminal Especializada em Combate ao Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Durante os últimos cinco meses, o juízo da Vara, em trabalho conjunto com a Polícia Civil, autorizou a interceptação telefônica de vários alvos, entre eles Ecko, do processo que corre em sigilo na Vara sobre a atuação da milícia na Zona Oeste da Cidade, para monitoramento do bando.
Foi através dessas interceptações, inclusive da mulher do miliciano, que Ecko foi localizado nesta manhã, na casa de parentes em Paciência, na comunidade das Três Pontes. Ele foi baleado na operação e acabou morrendo.
De acordo com a polícia, o bando de Ecko, conhecido como Bonde do Ecko, domina boa parte da Zona Oeste da capital fluminense, além de outros redutos no estado, e explora diferentes atividades ilegais sempre utilizando de violência em suas ações. O bando se originou a partir da prisão dos líderes da então chamada Liga da Justiça.
Além da acusação de liderar o grupo paramilitar, Ecko seria responsável, segundo a polícia, pela aproximação dos milicianos e traficantes de diferentes facções criminosas que atuam no Rio.