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Estudo com vacina BCG investiga resposta imune à Covid-19

A pesquisa explorará a resposta imune às vacinas específicas contra a doença em profissionais de saúde brasileiros

Por Portal Eu, Rio! em 12/06/2021 às 22:15:51

Pesquisa pretende avaliar se a vacina BCG (bacilo de Calmette-Guérin) pode ajudar na proteção contra a Covid-19. Foto: Divulgação

Liderado pela Austrália, um estudo investigará se é possível prever quem permanece suscetível às variantes do Sars-CoV-2, mesmo tendo recebido uma vacina contra a Covid-19 ou de já ter adoecido pelo vírus. A pesquisa explorará a resposta imune às vacinas específicas contra a doença em profissionais de saúde brasileiros, para encontrar biomarcadores que indiquem se alguém estará protegido (ou permanece em risco de contrair Covid-19), se exposto a uma variante do Sars-CoV-2.

A pesquisa recebeu financiamento filantrópico da Fundação Bill & Melinda Gates e é um subestudo do Brace, estudo liderado pelo Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch (MCRI), que pretende avaliar se a vacina BCG (bacilo de Calmette-Guérin) pode ajudar na proteção contra a Covid-19. O Brace é hoje o maior estudo do mundo, sobre os efeitos fora do alvo, da vacina BCG. Desde o lançamento do estudo, em março de 2020, 6.800 profissionais de saúde foram recrutados em 36 locais na Austrália, Brasil, Holanda, Espanha e Reino Unido.

A BCG foi originalmente desenvolvida há cem anos para prevenir a tuberculose. Agora, o ensaio clínico randomizado (Brace) está sendo realizado, para determinar se a vacina BCG reduz a incidência de Covid-19 sintomático e grave em profissionais de saúde. Além desse objetivo principal, o estudo também avalia o efeito da vacina BCG sobre outras doenças respiratórias e alérgicas.

O professor Nigel Curtis, chefe do Grupo de Pesquisa de Doenças Infecciosas do MCRI, professor de Doenças Infecciosas Pediátricas da Universidade de Melbourne e pesquisador principal do Brace, disse que a grande história de 2021 foi o impacto potencial das variantes do Sars-CoV-2.

"Com o surgimento de novas variantes — para as quais as respostas imunes induzidas por vacinas e naturais podem não ser tão eficazes — há preocupação de que a imunidade do rebanho possa ser prejudicada. Se isso acontecer, o Sars-CoV-2 continuará se espalhando e causando doenças", disse. "Tivemos a sorte de receber esse financiamento adicional para o sub estudo das vacinas específicas contra a Covid-19 (BCOS) enquanto realizamos o Brace, para investigar biomarcadores de proteção contra infecção e reinfecção do Sars-CoV-2 induzidas por infecção natural e vacinação específica da Covid".

Estudo no Brasil

O professor associado Julio Croda, pesquisador principal do estudo Brace no Brasil, disse que 2.400 profissionais de saúde, em três locais de estudo no país, estão sendo ativamente acompanhados e testados para a Covid-19 como parte do estudo.

"Este subconjunto de participantes oferece uma oportunidade única para entender os riscos e determinantes da suscetibilidade à reinfecção com variantes Sars-CoV-2, particularmente a variante P.1. Esta pesquisa é fundamental para projetar abordagens eficazes para ajudar a proteger as pessoas", disse ele.

Com as vacinas específicas da Covid-19 agora disponíveis para os profissionais de saúde, o BCOS também analisará se a vacina BCG melhora a resposta imune às vacinas Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac.

"Estamos recrutando os participantes do Brasce em Victoria, Austrália do Sul e Brasil para avaliar se aqueles que tomaram a vacina BCG têm uma resposta imune melhor ou mais prolongada à vacina específica da Covid-19", disse a professora Margareth Dalcolmo, pesquisadora principal no Rio de Janeiro do Brace. “É um trabalho incrivelmente emocionante e demonstra como o MCRI reagiu à pandemia. Uma compreensão mais profunda das respostas imunes às vacinas específicas da Covid-19 será importante para o esforço global para conter essa pandemia."

O acompanhamento dos participantes continua a cada três meses com questionários e coleta de sangue, bem como coleta contínua de dados por meio de chamadas telefônicas e do aplicativo personalizado para smartphones, alimentado pela WeGuide.

O estudo Brace recebeu financiamento filantrópico da Fundação Bill & Melinda Gates, Sarah e Lachlan Murdoch, Fundação Minderoo, The Royal Children's Hospital Foundation, Governo Sul-australiano, Fundação NAB, Fundação Calvert Jones, Fundação UHG, Modara Pines Charitable Foundation, Health Services Union NSW, Peter Sowerby Foundation, South Australia Ministry of Health, Epworth Health, Swiss National Science Foundation e doadores individuais.

Murdoch Children's Research Institute

O Murdoch Children's Research Institute (MCRI) é o maior instituto de pesquisa em saúde infantil da Austrália comprometido em fazer descobertas e desenvolver tratamentos para melhorar a saúde de crianças e adolescentes no país e em todo o mundo. São pioneiros em novos tratamentos, testando melhores vacinas e melhorando formas de diagnosticar e ajudar bebês doentes, crianças e adolescentes. É um dos únicos institutos de pesquisa na Austrália a oferecer testes genéticos para encontrar respostas para famílias de crianças com condições não diagnosticadas anteriormente.

Ouça, no Podcast do Portal Eu, Rio!, a pneumologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, falando sobre a questão.

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