O polêmico projeto de construção de um autódromo na área da Floresta do Camboatá, em Deodoro, foi tema da audiência pública realizada nesta sexta-feira (21), no Plenário Barbosa Lima Sobrinho da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “A nossa luta não é contra o autódromo, mas sim pela preservação da floresta. Se ela for dizimada não serão destruídas apenas árvores, mas todo um ecossistema. Serão 2.300.000 m², cerca de 100 alqueires paulistas, sendo 70% de Mata Atlântica”, alertou o engenheiro da Comissão de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Abílio Tozini.
Segundo o general de Brigada do Comando Militar do Leste, José Daniel Braga, a Floresta do Camboatá não pertence mais ao Exército desde 2012. “Quando a cidade do Rio foi escolhida para ser a sede dos Jogos Olímpicos 2016, o Autódromo Internacional Nelson Piquet (Autódromo de Jacarepaguá) foi a área indicada para a construção do Parque Olímpico e o Exército foi procurado pelas autoridades responsáveis para ceder outro local para a construção do novo autódromo. Mediante um acordo de cooperação técnico e financeiro, a área do Camboatá foi cedida. A destinação que será dada não está mais nas mãos do Exército”, explicou.
Na época, uma ação civil do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro foi ajuizada para impedir a construção sem que fossem avaliadas as consequências ambientais.
“Essa ação já está pronta para ser julgada e acredito que a decisão será favorável à obrigatoriedade do estudo sobre o impacto ambiental. Dessa forma, serão verificados outros lugares mais adequados para a construção (do autódromo). Foi um absurdo sem precedentes a obra ter sido dispensada desse estudo, que vai mostrar como é inaceitável construir naquele local”, informou a procuradora da República no Estado do Rio de Janeiro, Solange Braga.
Além da necessidade de preservar o local considerado um "pulmão verde" da Cidade, a vocação ao turismo ecológico também foi um dos pontos levantados por especialistas na audiência, promovida pela Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj. O resultado principal do evento foi a criação de um novo Projeto de Lei, que será apresentado na próxima semana, para que a Floresta de Camboatá seja incorporada ao Parque Estadual do Mendanha. A intenção é criar ali um local de preservação ecológica e aberto ao lazer.
“Nesse dia da árvore, lembramos a importância vital dessa floresta. Como bons engenheiros, queremos a construção do autódromo, será uma fantástica obra de engenharia, mas que seja em outro lugar”, motivou Abílio Tozini.