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Líder dos sem teto expulsos de terreno em Itaguaí: "não sei porque estou preso"

Erick Vermelho foi um dos organizadores da ocupação no terreno localizado no bairro Ponte Preta, onde ficaram alojadas 400 famílias

Por Anderson Madeira em 02/07/2021 às 23:54:43

Erick Vermelho, líder dos sem-teto de Itaguaí, foi preso. Foto: Divulgação

O ativista Wellington da Silva, mais conhecido como Eric Vermelho, um dos líderes do Campo de Refugiados 1º de Maio, desfeito na manhã da última quinta-feira (01/07), preso durante a operação de reintegração de posse de um terreno da Petrobras em Itaguaí, continua na 50ª DP (Itaguaí) sem saber o motivo. Ele foi um dos organizadores da ocupação no terreno localizado no bairro Ponte Preta, onde ficaram alojadas cerca de 400 famílias de sem-teto.

Nesta sexta-feira (2), Eric divulgou um vídeo contando que a sua prisão foi arbitrária e política. “Lamentável essa prisão. O delegado veio pessoalmente me prender. Eu peço às pessoas que repercutam isso e a gente consiga romper com esse estado de exceção”, afirmou.

No momento de sua prisão, o ativista declarou: “eu estou sendo preso porque ajudo o povo a organizar moradia. De forma arbitrária”.

No vídeo, ele denunciou ainda as precárias condições em que muitas famílias estão sendo atendidas em escolas para onde foram levadas após serem expulsas do terreno. “As pessoas estão reclamando de falta de papel higiênico, de escova de dente e pasta. Não estão recebendo o atendimento necessário. Existe uma indicação do Supremo Tribunal Federal para as pessoas não serem despejadas. Isso não está sendo respeitado”, reclama.

Até o momento, a Polícia Civil não informou o motivo da prisão do ativista.

A operação de reintegração de posse foi em cumprimento a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), atendendo a uma ação da Petrobras, dona do terreno. Na ocasião, houve confronto, com barracos incendiados e um dos principais acessos à Itaguaí bloqueado. A PM usou bombas de gás lacrimogêneo e um caminhão blindado com água para dispersar os manifestantes, que montaram barricada e atiraram paus e pedras. O terreno está abandonado há cerca de dez anos. Em meados dos anos 2000 havia um projeto de construir um polo petroquímico no local, mas nunca saiu do papel. Antes da ocupação, o terreno era usado como depósito ilegal de lixo.


Terreno sendo desocupado. Foto: FUP

A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ apura se houve abusos por parte dos policiais na operação. Após a retirada dos ocupantes, uma retroescavadeira pôs abaixo as barracas montadas pelos sem-teto. O chamado “campo de refugiados” reunia muitos desempregados, mulheres (muitas, mães com filhos pequenos), homossexuais e transgêneros, além de cerca de 40 imigrantes, como haitianos, venezuelanos e angolanos. De acordo com a Promotoria de Justiça Cível e de Família de Itaguaí, alguns ocupantes tinham casa alugada em outras regiões.

A ocupação foi organizada pelo Movimento do Povo, com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindispetro-NF), diretório do PT de Itaguaí, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Central Única das Favelas (Cufa), além de outras organizações sociais e movimentos sindicais. Na ocupação havia duas cozinhas comunitárias que alimentavam cerca de 1.200 pessoas por dia.


Terreno após a desocupação. Foto: Movimento Povo Sem Medo

A Petrobras informou que, com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social de Itaguaí e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, foram providenciados alimentação, colchonetes e cobertores para atender os sem-teto nas escolas e abrigos para onde foram levados. A prefeitura informou que está sendo feito um atendimento detalhado para entender a necessidade da cada pessoa para montar um cadastro visando pagar o aluguel social. As pessoas que viviam na ocupação são oriundas de municípios da Baixada Fluminense e de bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

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