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Primavera de Museu chega ao fim com o Festival #MuseuNacionalVive

Evento teve gostinho especial para o público e organizadores após incêndio

Por Rafael Brito em 23/09/2018 às 23:59:50

Centenas de visitantes estiveram na Quinta da Boa Vista (Fotos: Rafael Brito)

A 12ª edição da Primavera de Museus chega ao fim com uma mensagem importante ao público: O Museu Nacional Vive! E este foi o nome dado ao Festival que movimentou e encheu mais ainda o público da Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio, nestes dias 22 e 23. Centenas de pessoas visitaram os stands montados a frente dos tapumes frontais do Museu Histórico Nacional e puderam ter contato com parte do acervo salvo do incêndio que atingiu a sede da instituição no último dia 02.

Aves e répteis empalhados, peixes e fósseis foram as atrações das exposições do Departamento de Vertebrados, além de insetos do Setor de Entologia e muitas outras atrações paralelas movimentaram o parque de São Cristóvão neste fim de semana. O resultado foi o mais positivo possível, para os organizadores e para quem visitou.

A professora Luciana Muget levou os filhos de 3 e 4 anos para visitarem as exposições. Conta que, em casa, ao saberem para onde iam, os meninos logo perguntaram "ué, mas o museu não pegou fogo?". Ela, então, explicou que iam visitar o que tinha sido salvo do incêndio. Na exposição, os pequenos Muget estavam impressionados com o stand dos insetos.

"Trazê-los aqui hoje é uma forma de continuar com a importância do museu, mostrar para eles a diversidade que, infelizmente, não conseguem ter ideia só com o aprendizado da escola e, portanto, colocá-los em contato com este ambiente de pesquisa e extensão é super importante para a formação deles", diz Luciana.

Luzia em 3D

O fóssil humano mais antigo da América Latina, com cerca de 11 mil anos, se não foi totalmente destruído pelo fogo, ainda está sob os escombros do Museu. Porém, quem esteve no Festival Museu Nacional Vive, pôde tocar numa réplica 3D do crânio de Luzia.

A peça foi construída graças a trabalhos tecnológicos em torno do fóssil. Em 2008, foi realizada uma tomografia mapeando o crânio de Luzia e, em 2011, houve um escaneamento com a reconstituição do rosto da brasileira mais antiga da História. O feito é do desenhista industrial e pesquisador colaborador do museu, Jorge Lopes.

Adultos e crianças tocaram em peças impressas em náilon numa máquina 3D de alta resolução, obras do técnico Marcos Garam. A historiadora Tatiana Brandão estava entre o público que visitou Luzia. Ela foi estagiária do Museu, além de ter desenvolvido seu trabalho de pós-graduação junto a instituição, e estava feliz com as atividades ali promovidas: "tenho esperança de que os fragmentos da Luzia sejam encontrados em meio aos escombros. Esse trabalho aqui exposto é maravilhoso porque faz com que o público esteja perto da nossa história, além de ser uma forma de também incentivar a cultura e o nosso patrimônio".

Figurino de carnaval ganha novo sentido no Festival Museu Nacional Vive, impressionando e engajando público com o Passeando pela História

Com a missão de guiar a programação "Passeando pela História - uma viagem de trenzinho em torno do Paço de São Cristóvão", dentro do Festival, a historiadora Regina Dantas conta que pensou: "se eu entrar na exposição com roupas normais, não vou despertar a curiosidade no público". Foi aí que teve a ideia de utilizar um vestido aos moldes do século XIX, repaginado alegoricamente em cor verde florescente e flores coloridas, além de um chapéu enfeitado com densas plumas.

A peça pertence à filha da historiadora que desfilou na ala "Jardim das Princesas" no carnaval deste ano da Imperatriz Leopoldinense. A escola de samba homenageou os 200 anos do Museu com o samba enredo "Uma noite real no Museu Nacional". Na ocasião, fantasias foram doadas à instituição que chegou a ter uma exposição especial com elas vinculadas aos diversos departamentos, para contextualizar o que retratavam as alas carnavalescas. Das peças doadas, o fogo não poupou nada.

Mas graças à fantasia da filha, Regina se apresentando à criançada como Dona Leopoldina. O objetivo do roteiro era destacar o papel da mulher no século XIX, além do contexto histórico da residência real, da Quinta da Boa Vista e dos trabalhos que os membros da Família Real realizaram ao longo da vida, que muito contribuíram para enriquecer o acervo e o próprio surgimento do Museu.

Para a historiadora, a fantasia fez todo o sentido pelo fato de Leopoldina ter estudos de mineralogia e botânica. Os amigos chegaram a duvidar da possibilidade de sucesso do roteiro nesse formato, mas o resultado superou as expectativas da profissional e da organização

O público foi diverso e, ao final de cada passeio que aconteceu em três horários em cada dia do Festival, Regina conta que muitas foram as reações das crianças. "Umas ficavam curiosas em saber onde eu (Leopoldina) estava morando depois do incêndio, outras colocaram à disposição seus quartos caso eu ainda precisasse de abrigo e uma outra disse que sabia que eu estava sendo guardada pelos super-heróis", contou rindo a historiadora.

"Foi tão emocionante e gratificante que eu nem estou sentindo calor", disse ela, realizada, dentro da roupa que só deixava de fora o rosto e as mãos, debaixo do solzão de 31 graus desta tarde de domingo.

O festival não só encerrou as atividades do Primavera de Museus, como também faz parte do calendário da Instituição que visa ocupar a Quinta da Boa Vista uma vez por mês. Vale à pena ficar ligado no que vem por aí.

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