Cerca de dez mil pessoas – conforme estimativa da Polícia Militar – estiveram na tarde deste domingo na 14ª Parada do Orgulho LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais) de Niterói, na Praia de Icaraí. O evento contou com três trios elétricos que animaram o público e presença de políticos da cidade e do Rio de Janeiro. O tema deste ano foi “ Meu voto importa: LGBTI no poder”.
A parada começou por volta das 15h, na Rua Miguel de Frias, onde foi a concentração. De lá, os trios percorreram toda a extensão da Avenida Jornalista Alberto Torres, até a altura da Rua Belizário Augusto. No tom do discurso dos organizadores, as ONGs Grupo Diversidade Niterói, Grupo Sete Cores, Cidadania Gay e Grupo de Transexuais de Niterói (GTN), a importância do voto em candidatos que defendam a diversidade sexual e o veto a homofóbicos. Os organizadores puxaram o coro “Ele não”, em referência ao presidenciável do PSL, deputado federal Jair Bolsonaro, que não teve o nome citado.
“O momento é de dizer ele não! Todos pelas diversidades. Vamos derrotar o fascismo”, declarou Aloísio Reis, presidente da ONG Atitude, de São Gonçalo. “Nós, LGBTs precisamos lutar contra o fascismo.
Bárbara Aires, ativista trans, defendeu o voto em candidatos LGBTI “A gente tem que transformar a política. Vamos colocar sapatão e travesti na Alerj”, afirmou.
A jornalista Renata Souza, autora do livro Cria da Favela, defendeu propostas para frear o preconceito “A gente tem propostas concretas para parar a lgbtfobia. Para abrir cotas para trans no serviço público. Esse segmento não consegue emprego nem dignidade humana”, afirmou.
A gente está aqui em luta, há 14 anos, para dizer não ao fascismo. Por uma sociedade livre e com amor”, declarou Victor de Wolf, fundador do GDN.
Entre os organizadores, alguns são candidatos ao pleito deste ano, como a vereadora Verônica Lima (PT), do Sete Cores, a deputada federal; Felipe Carvalho, do GDN, a deputado estadual pelo PC do B e até o vereador Leonardo Giordano (PC do B), vice na chapa da candidata do PT a governadora, Márcia Tiburi. Esta aliás, se fez presente na parada.
Políticos do Rio também se fizeram presentes, como o vereador carioca David Miranda (PSOL) – homossexual assumido -, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B) e o deputado estadual Carlos Minc (PSB), conhecido pela militância na causa LGBT. Diferente dos anos anteriores, a parada não teve dinheiro público e foi patrocinada por uma empresa de aplicativo de transporte individual. A Prefeitura de Niterói apenas apoiou logisticamente o evento.
Evento sem maiores incidentes
Com um público predominantemente jovem, havia vários idosos e famílias com crianças assistindo ao evento. O professor da rede estadual de ensino, Alexandre Rocha, de 45 anos, morador do Rio, foi pela primeira vez à parada de Niterói. “Foi bem bonita, alegre e tranquila. Não vi nenhum incidente”, contou.
Embora houvesse banheiros químicos colocados ao longo do trajeto da parada, muitos resolveram fazer suas necessidades na praia, junto às palmeiras na areia e no mar. Segundo a PM, nenhum incidente foi registrado. Porém, frequentadores relataram à reportagem ter presenciado roubos.
A Niterói Trânsito e Transporte (NitTrans), montou esquema especial de trânsito em Icaraí, com 15 agentes e operadores para orientar os motoristas. O trânsito foi interrompido na via das 17 às 22 horas na praia de Icaraí, além das vias transversais. Durante a parada, houve engarrafamento na Avenida Roberto Silveira, em direção ao centro e na Rua Gavião Peixoto, em direção a São Francisco.