Na noite desta sexta-feira (9), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, usou seu perfil oficial no Twitter para responder, mais uma vez, aos ataques do presidente Jair Bolsonaro. No post, sutilmente, o magistrado sugeriu algumas dicas a Bolsonaro.
"Dicas da semana:
- Um livro: A ditadura escancarada, Elio Gaspari
- Um pensamento: “Quando um homem de bem responde um insulto com outro insulto, ele permite que o mal vença. Não é preciso responder. O mal consome a si mesmo”.
- Uma música: Cálice", escreveu Barroso.
Foto: Reprodução Twitter
A resposta ocorreu após o Presidente da República xingá-lo para apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília. Na ocasião, Bolsonaro também questionou a validade de uma eleição sem o voto impresso.
"O que eu quero é transparência. Porque o STF, numa emenda minha do ano passado, julgou inconstitucional. Aí veio o Barroso, com desculpa esfarrapada dele, dizer que o voto em papel, que o mesário vai ver em quem o João votou, isso desqualifica as eleições, porque fere o sigilo do voto. É uma resposta de um imbecil, eu lamento falar isso de uma autoridade do STF. Só um idiota para fazer isso aí", afirmou o presidente.
Outras reações sobre o discurso de ameaça à realização das eleições de 2022 também chamaram a atenção do país. Ainda na tarde de hoje (9), o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, reforçou a postura da Casa sobre o discurso adotado pelo principal representante do país.
"Todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito, esteja certo, será apontado pelo povo brasileiro e pela história como inimigo da Nação", avisou Pacheco.
O ministro Alexandre de Moraes também usou o Twitter para assegurar que não haverá atos contra o Estado Democrático de Direito.
"Os brasileiros podem confiar nas Instituições, na certeza de que, soberanamente, escolherão seus dirigentes nas eleições de 2022, com liberdade e sigilo do voto. Não serão admitidos atos contra a Democracia e o Estado de Direito, por configurar crimes comum e de responsabilidade", publicou Moraes.
Foto: Reprodução Twitter
Mais cedo, Barroso que é presidente do TSE já havia assinado uma nota à imprensa sobre as declarações do presidente.
"Tendo em vista as declarações do Presidente da República na data de hoje, 9 de julho de 2021, lamentáveis quanto à forma e ao conteúdo, o Tribunal Superior Eleitoral esclarece que:
1. Desde a implantação das urnas eletrônicas em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude. Nesse sistema, foram eleitos os Presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Como se constata singelamente, o sistema não só é íntegro como permitiu a alternância no poder.
2. Especificamente, em relação às Eleições de 2014, o PSDB, partido que disputou o segundo turno das eleições presidenciais, realizou auditoria no sistema de votação e reconheceu a legitimidade dos resultados.
3. A presidência do TSE é exercida por Ministros do Supremo Tribunal Federal. De 2014 para cá, o cargo foi ocupado pelos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso. Todos participaram da organização de eleições. A acusação leviana de fraude no processo eleitoral é ofensiva a todos.
4. O Corregedor-Geral Eleitoral já oficiou ao Presidente da República para que apresente as supostas provas de fraude que teriam ocorrido nas eleições de 2018. Não houve resposta.
5. A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade", concluiu o comunicado.