A chegada de parte da delegação olímpica brasileira na manhã desta quinta-feira (14) em Tóquio foi um dos motivos de crítica de parte da imprensa japonesa ao Plano de “Bolha” criado pelas autoridades locais para conter a proliferação do vírus da covid-19 durante os Jogos Olímpicos, principalmente ao constatar que parte deles entraram em contato com outros passageiros, tiraram selfies e trocaram punhos durante a chegada.
Os brasileiros desembarcaram no Aeroporto Internacional Haneda, em Tóquio. Usaram um portão destinado a funcionários do aeroporto para chegar até o saguão de desembarque, quando deveriam ter utilizado outra saída.
Segundo o jornal Asahi Shimbun, o fato causou estranheza a populares. Um deles teria dito que pensava que os atletas estariam isolados do público ao chegar no país.
“Estou surpreso porque pensei que eles seriam mantidos fora de vista e usariam uma rota secreta”, disse um popular.
A “bolha” é como os japoneses denominam uma série de medidas que isolam os atletas do público. Foi criada para conter os as delegações. Ainda segundo o Asahi Shimbun, a “bolha” estourou. E não só por causa dos brasileiros.
As regras estabelecidas pelos japoneses estão sendo violadas. Nos aeroportos, funcionários se atrapalham ao ter que guiar delegações incompletas. Basta um atleta decidir ir ao banheiro antes da contagem de número de integrantes de uma delegação para que seja considerado sumido.
Outro problema são as chegadas inesperadas. No Aeroporto Internacional de Narita, na província de Chiba, membros especiais da equipe de recepcionistas usam roupas de proteção para entrar em contato e guiar as delegações olímpicas, dos portões de saída das aeronaves até às estações de quarentena do aeroporto. Porém, na saída, atletas de delegações muitas vezes se misturam com os passageiros em geral.
Um caso complicado tirou a calma das autoridades locais. Uma delegação desembarcou com um numero menor de pessoas. Depois de muita discussão, descobriu-se que várias pessoas haviam cancelado o voo no último minuto.
Os caos não param por aí. Alguns delegados, que não estavam na lista de chegadas, escaparam do grupo e se dirigiram para uma estação de quarentena sem serem guiados, e em meio aos passageiros comuns.
Outros atletas olímpicos usaram banheiros sem contar a ninguém e foram considerados “desaparecidos”.
“Cancelamentos repentinos e chegadas inesperadas acontecem o tempo todo”, disse um funcionário do aeroporto de Narita. “Tivemos até a chegada não programada de uma delegação de várias dezenas de pessoas.”
O responsável do aeroporto disse ainda ser um mistério quem é realmente o responsável pela gestão dos horários de chegada dos delegados.
Entre as regras adotadas pelos japoneses, os visitantes olímpicos não podem usar transportes públicos por 14 dias após a chegada. Porém, muitos foram vistos pelas ruas de Tóquio com suas máquinas fotográficas sem serem importunados. Está difícil para funcionários e dirigentes manterem a “bolha” olímpica funcionando.
Fonte: Jornal Asahi Shimbun