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Governo federal usa imagem de homem armado no Dia do Agricultor

Entidades repudiaram a publicação, apagada horas depois, chamando-a de "ato criminoso"

Por Portal Eu, Rio! em 28/07/2021 às 22:30:44

Imagens: Reprodução/Twitter

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) tirou do ar uma peça publicitária de suas redes sociais, nesta quarta-feira (28). Utilizada para marcar o Dia do Agricultor, a imagem trazia um homem armado de rifle e foi postada nas redes sociais do órgão federal. Apagada durante a tarde, a postagem foi o bastante para gerar reação de organizações que promovem os direitos humanos no País, inclusive em áreas rurais.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) repudiou a publicação como "ato criminoso". Sobre outro tuíte do governo federal, que cita diminuição nas "invasões de terras", de acordo com dados da CPT, 81.225 famílias tiveram propriedades e territórios invadidos por grupos armados, apenas em 2020. Do total, 71,8% são indígenas, em meio a recordes históricos de desmatamento na Amazônia, que no primeiro semestre de 2021 atingiu os maiores índices registrados até hoje no País.

Questionada, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), subordinada à Procuradoria-Geral da República (PGR), não informou se o órgão vai se manifestar a respeito.

As postagens nas redes sociais da Secom foram feitas também para anunciar o Plano Safra 2021/2022, que destinará R$ 251,2 bilhões em recursos para o setor agrícola, aumento de R$ 14,9 bilhões (ou 5% de aumento) em relação ao período anterior.

Porém, como essa verba abastece quase na íntegra a latifundiários , a violência no campo permanece. Capitalizados pelo manto do agronegócio, os grandes proprietários rurais se sentem cada vez mais à vontade para destruir plantações, invadir territórios e mandar matar lideranças locais. Além disso, o atual presidente da República foi eleito com a promessa de não demarcar terras indígenas nem assentar camponeses da reforma agrária.

Ontem (27), a CPT no Mato Grosso (CPT-MT) lançou o relatório Conflitos no Campo Brasil 2020, que documentou 1.608 "Ocorrências por Conflitos de Terras" em todo o país no ano passado. Este número é o maior da série histórica, iniciada em 1985, e destaca a destruição de 324 residências e 419 roças. Só no estado do Centro-Oeste, terceiro colocado em conflitos por terra, o último ano ficou marcado por 789 ações de pistolagem, 869 casos de grilagem de terras públicas e 1.184 famílias ameaçadas de despejos judiciais.

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