Em 2019, antes da pandemia do coronavírus chegar, o ator Robson Santos, o Alfredo de O Sétimo Guardião, revolucionou vidas com a oficina gratuita de teatro que ministrava na escola estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido. Uma vez por semana, sempre às segundas-feiras, ele dava aulas para cerca de 25 alunos, na faixa dos 13 aos 60 anos. Moradores de Quintino, da comunidade do Turano, de Costa Barros, de Pilares e outros bairros do Rio de Janeiro, se inscreveram para aprender os ensinamentos do ‘ator- multiplicador’, que, com a pandemia, precisou interromper as aulas online porque nem todos os alunos tinham acesso à internet.
“Nessa oficina, pessoas que nunca tiveram contato com a arte puderam conviver com o teatro pela primeira vez. O resultado foi uma melhora no vocabulário delas, a possibilidade de entrarem um dia no teatro; o despertar para a interpretação e o fim da timidez, aumentando a desenvoltura delas diante da vida”, lembra Robson.
Hoje, de volta à TV, no elenco da última fase da novela Gênesis, na Record, como Shamash - um homem do campo, pai solteiro, que se preocupa com o futuro de sua única filha mulher -, Robson conta os dias para voltar a dar as aulas que ressignificaram pessoas como Guilherme Andrade, de 27 anos, morador de Pilares: “Faltam palavras para descrever a gratidão pela Oficina”; Fabio Dultra, 35, de Quintino: “Me conectou com o que mais amo e meu deu uma outra visão da profissão”; Leila Duarte, 40, da comunidade do Turano: “Me fez enxergar o quanto sou capaz”; e muitos outros.
A volta da Oficina está prevista para acontecer em novembro. Enquanto isso, o ator aguarda a estreia de três longas nos quais participou. “A Oficina 2022 virá cheia de novidades!”, promete.
Robson Santos, ator: mudança de vidas. Foto: Divulgação
História de luta
Nascido e criado no bairro do Rio Comprido, região central do Rio, Robson Santos é filho de baianos mas só conheceu o pai na adolescência. Em 2011, a casa em que morava com a mãe, em uma vila de casas geminadas, com famílias carentes, originária de uma ocupação, desabou. O ator perdeu quase tudo e sua maior preocupação era recuperar apostilas e livros da faculdade de Jornalismo.
Depois de passar nove anos sem estudar, trabalhando como office boy, vistoriador de seguros e digitador, o carioca cursou um pré-vestibular comunitário e foi aprovado para Comunicação Social na UERJ e na PUC, onde formou-se com bolsa de 100%. Mas a veia artística falou mais alto e Robson abandonou o Jornalismo para enveredar para o palco e a TV.