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Internações de idosos por síndrome respiratória voltam a crescer no Rio, após quatro meses em queda

Fiocruz detecta risco em alta para maiores de 80 anos, que tomaram segunda dose há mais tempo

Por Portal Eu, Rio! em 03/08/2021 às 20:57:21

Idosos acima de 8o anos concentram preocupações na alta de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave, pois foram vacinados há mais tempo contra a Covid-19 e tem sistema imunológic

Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz revelou que o número de idosos internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave voltou a apresentar tendência de alta no estado do Rio de Janeiro, após cerca de quatro meses de queda. Ainda em fase de conclusão, o estudo, divulgado nesta terça-feira, foi desenvolvido pelo grupo de Métodos Analíticos para Vigilância Epidemiológica da Fiocruz e o Observatório Covid-19 BR, iniciativa independente que analisa e divulga informações sobre a pandemia.

Os gráficos, elaborados com base no Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, apontam alta nas internações em três faixas etárias: de 60 a 69 anos, 70 a 79 e 80 anos ou mais. A análise indica que, ainda assim, as faixas de 60-69 e 70-79 anos continuam em uma situação bem melhor do que a apresentada em picos anteriores. A preocupação maior é com a população de 80 anos ou mais.

Ainda em relação a esse grupo, segundo a Fiocruz, somam-se alguns fatores agravantes. Entre eles, a transmissão comunitária ainda elevada, menor efetividade, maior tempo desde a segunda dose e possível efeito de perda de imunidade por causa da idade.

Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem de Lígia Souto, da Rádio Nacional, sobre o aumento de internações de idosos por conta de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), reflexo de números ainda elevados de transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

O pesquisador da Fiocruz responsável pelo estudo, Leonardo Bastos, disse que, apesar do aumento nas internações de idosos no estado, é preciso monitorar os dados por mais tempo para concluir possíveis relações de causa e efeito.

O estudo alerta ainda que o Rio de Janeiro enfrenta o pior momento da pandemia em relação a internações de crianças de zero a nove anos. Já entre os adultos de 30 a 39 anos, apesar do levantamento ter registrado uma melhora, a situação é mais grave do que o observado no final do ano passado.

O estudo alerta também que a população de crianças de 0 a 9 anos encontram-se no pior momento. Aponta ainda que a faixa de 30 a 39 anos, apesar de ter registrado uma melhora, esta em uma situação mais grave do que no pico do final do ano passado. A investigação é do grupo de pesquisa para a Vigilância Epidemiológica da Fiocruz (Mave/Fiocruz) e do Observatório Covid-19. As projeções são realizadas com base no Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica da Fiocruz (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde.

No contexto geral, os dados sinalizam ainda que o cenário segue muito grave. A atenção encontra-se agora também na população com boa cobertura vacinal mas cuja efetividade é menor, que é a de idosos com 80 anos os mais. Nessa faixa etária, somam-se alguns fatores agravantes. Entre eles, estão a transmissão comunitária ainda elevada, menor efetividade, maior tempo desde a segunda dose e possível efeito de perda de imunidade (imunossenescência) por conta da idade.

Aumento de internações entre bebês e crianças pequenas reflete 'infecção cruzada'

E o que explica o aumento do número de casos entre crianças e jovens? Segundo o pesquisador Leonardo Bastos, do Programa de Processos de Dados (Procc/Fiocruz), na população infantil, a causa pode ser efeito da chamada “infecção cruzada”. “Ou seja, o motivo da internação não é necessariamente a Covid-19. Pode ser uma complicação respiratória por outro fator, mas com infecção cruzada gerando teste positivo para Sars-CoV-2. Requer um acompanhamento mais de perto, com testagem também dos demais vírus respiratórios para identificação do que possa estar ocorrendo. Por conta da alta demanda nos laboratórios, tem-se testado primeiro para Covid-19 e, dando positivo, não testam para outros vírus”, explica o pesquisador.

Esse procedimento pode ter como consequência o fato de que às internações por outros vírus respiratórios ficam “na sombra da Covid”, ou seja, que as demais doenças que levam a complicações respiratórias não sejam diagnosticadas.

Já é de conhecimento científico, por exemplo, que o Vírus Sincicial (VSR), que pode causar problemas graves (com necessidade de internação) em bebês e crianças pequenas, está com circulação relevante em todo o país. “Mas no Rio de Janeiro não sabemos como está a co-detecção por conta dessa logística que privilegia o teste de Covid-19. Esta ocorre por motivos compreensíveis, mas que acabam não testando os demais vírus quando o diagnostico é positivo para Covid-19”, observa Bastos.


Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias e Radioagência Nacional

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