Policiais civis do Distrito Federal e do Rio de Janeiro deflagram, nesta quinta-feira (05), a "Operação Shark" (Tubarão em inglês) para desarticular uma organização criminosa envolvida em golpe do empréstimo consignado. As equipes cumprirão mandados de prisão e 20 de busca e apreensão paralelamente em Brasília e no Rio de Janeiro, onde os alvos são endereços comerciais e residenciais no Centro da cidade; na Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Taquara, na Zona Oeste; Engenho Novo e Guadalupe, na Zona Norte; e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A ação está sendo conduzida pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (CORF), do Distrito Federal, com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Até o momento, quatro pessoas foram presas em cumprimento de mandados de prisão, sendo duas no bairro Guadalupe e duas em Brasília. Em um dos alvos da operação, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, os agentes apreenderam cerca de 19 mil euros, mais de 8 mil dólares, joias, cartões de crédito, aparelhos de telefone celular e documentos que comprovam o crime.
Um dos alvos da operação se intitulava "Shark" nas redes sociais. O título da ação faz alusão ao Tubarão, nome utilizado para se referir aos grandes "players" do mercado que têm o poder de ditar muitos rumos da bolsa de valores. Esse tipo de investidor pode se “alimentar” dos acionistas minoritários e, em alguns casos, encurrala os menores para conseguir lucros maiores.
Como funciona o golpe
O grupo criminoso, formado por empresas denominadas de "consultoria financeira", atua desde 2019 em vários estados do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, e no Distrito Federal. As investigações começaram em 2020. Somente em um ano, a organização realizou movimentações financeiras suspeitas no valor equivalente a R$ 90 milhões.
Os golpes são realizados conforme o perfil das vítimas e são, principalmente, servidores públicos, idosos e aposentados que possuem ou possuíram empréstimos consignados, mas que ainda tem margem para novas transações.
O contato inicial é feito por meio de ligação telefônica. Em uma das modalidades, funcionários das empresas afirmam falsamente terem sido contratados por bancos no Distrito Federal e pelo Banco Central, justamente no período da pandemia, para informar sobre possível restituição de taxa paga de forma indevida, fazendo com que as vítimas compareçam nos escritórios. Ao chegarem ao local, são induzidas a contratarem novos empréstimos pessoais e a repassarem os valores para a conta da empresa.
Outra forma de enganar as vítimas é oferecer redução das parcelas do empréstimo, inicialmente por meio de um tipo de portabilidade, mas que, na verdade, o cliente acaba contratando novos empréstimos, com taxas mais elevadas, realizando a transferência do valor para as empresas.
Em todos os casos, a organização não efetua o pagamento dos valores repassados, causando um prejuízo aos consumidores, que se tornam devedores em dois ou mais contratos de empréstimos.