O mês de julho ficou marcado pelo elevado número de agentes de segurança vítimas da violência armada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Apenas neste mês, o Instituto Fogo Cruzado registrou 21 agentes de segurança* baleados – 110% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado.
Dos 21 agentes de segurança baleados, 8 morreram – entre eles, 1 estava em serviço, 4 fora de serviço e 3 eram aposentados/exonerados. Entre os feridos, 6 foram atingidos quando estavam em serviço, 6 fora de serviço e 1 era aposentado/exonerado.
Na última semana do mês, 2 agentes de segurança foram mortos a tiros em menos de 24 horas. O cabo da Polícia Militar, Leonardo Sá da Silva, de 39 anos, foi baleado durante uma tentativa de assalto na manhã do dia 28, na Rua da Matriz, no Centro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Já o Policial Civil, Marcelo dos Santos Dias Cola, de 56 anos, foi morto por bala perdida durante uma ação policial da PM na Rua Noronha Torrezão, em Santa Rosa, Niterói, quando passeava com o cachorro na noite do dia 27.
“O número de agentes baleados vem crescendo depois de uma queda significativa nos últimos meses. Desde janeiro a ADPF 635 vem sendo desrespeitada e ações policiais sem o devido planejamento vem sendo feitas, como mostra o estudo conjunto da UFF e Fogo Cruzado, vitimando inclusive policiais. A análise dos dados de vitimização de agentes no primeiro semestre deixa isso ainda mais claro”, avalia Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.
Julho também é o mês de 2021 com o maior número de agentes de segurança vítimas. Em segundo lugar está março, com 20 agentes baleados.
Segundo o levantamento mensal do Instituto Fogo Cruzado, os policiais militares são a categoria mais afetada pela violência armada. Entre os 21 agentes baleados no mês, 16 eram PMs, 2 eram militares das Forças Armadas, 1 era da Polícia Civil, 1 era do Corpo de Bombeiros e 1 era Guarda Municipal.
No mês em que o Instituto Fogo Cruzado completou 5 anos, foram registrados 376 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio, dos quais em 35% tiveram participação de agentes de segurança**. Em julho de 2020, o número de tiroteios foi 10% menor: 341, sendo 70 deles (21%) com a presença de agentes.
Ao todo, no mês de julho, 179 pessoas foram baleadas no Grande Rio: destas, 94 morreram e 85 ficaram feridas. O número de pessoas mortas e feridas foi 59% e 89% maior, respectivamente, na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando houve 104 baleados, sendo 59 mortos e 45 feridos.
Em comparação com o mês de junho, que teve 395 tiroteios que deixaram 143 pessoas baleadas, sendo 74 mortas e 69 feridas, julho teve queda de 5% nos tiroteios, mas aumento de 27% nos mortos e 23% nos feridos. O dia 15 teve o maior número de tiroteios, com 22 registros no total. Já dia 12 foi notificado com o número mais elevado de mortos (9) e o dia 27, o maior número de feridos (10).
O Rio de Janeiro concentrou 58% dos tiroteios acumulados na Região Metropolitana do estado (376) em julho. Os 5 mais afetados pela violência armada no mês foram:
Entre os bairros da Região Metropolitana do Rio mais atingidos pela violência armada no mês estão:
Entre as regiões que compõem a Região Metropolitana do estado, a Zona Norte do Rio concentrou 30% dos tiroteios registrados em julho. O Leste Metropolitano***, porém, acumulou 38% dos mortos e 49% dos feridos.
A Zona Norte teve mais tiroteios que a soma dos registros na Zona Oeste, Centro e Zona Sul em julho. Já o Leste Metropolitano, contabilizou mais feridos que a soma dos notificados na Baixada Fluminense, Zona Oeste, Centro e Zona Sul.
Em julho, houve 61 tiroteios/disparos de arma de fogo em áreas com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ao todo, 8 pessoas foram baleadas nestas áreas, 1 delas morreu. As unidades mais afetadas pela violência armada foram:
No total mapeado em 2021, entre janeiro e julho, houve 3.167 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio que deixaram 1.317 pessoas baleadas, sendo 689 mortas e 628 feridas. Em comparação com o mesmo período de 2020, que teve 2.945 tiroteios, com 1.091 baleados (sendo 568 mortos e 523 feridos), houve aumento de 8% nos tiroteios, 21% nos mortos e 20% nos feridos.
* Agentes de segurança incluem policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas – na ativa, na reserva e reformados.
** Presença de agentes: situações em que há presença de agentes de segurança durante o tiroteio/disparo. Exemplo: operação, ação, assalto a agentes etc.
*** Região que concentra os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá.
**** Chacinas: eventos onde há 3 ou mais mortos civis em uma mesma situação: chacinas – mesmo que o motivo dos disparos seja outro, como: assalto, ataque, operação etc (SSP de SP).
***** “Vítima de bala perdida”: a pessoa que não tinha nenhuma ligação, participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil (ISP).
*******Adolescente: com idade entre 12 anos e 18 anos incompletos (UNICEF)
********Idosos: maiores de 60 anos (Estatuto do Idoso)