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Censo revela que ensino superior à distância cresceu em 2017

Professores aprovam a modalidade, mas alertam que é preciso ter alguns cuidados na hora de escolher a instituição e o curso

Por Portal Eu, Rio! em 27/09/2018 às 20:50:23

Professor Galves diz que o ensino à distância redemocratiza o acesso ao ensino superior (foto: divulgação)

João Pedro Mello, 20, foi aprovado no curso de Ciência da Computação em 2016 na Uezo - Centro Universitário Educacional da Zona Norte. Ano passado, o jovem trancou a matrícula e foi aprovado em um dos cursos a distância oferecidos por uma instituição de ensino superior particular no Rio. Conforme o Censo da Educação Superior divulgadopelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a cada 5 estudantes brasileiros matriculados no ensino superior, um estuda à distância. Enquanto o ensino presencial teve queda nas matrículas, a educação a distância (EaD) registrou o maior salto desde 2008. Professores aprovam a modalidade, mas alertam que é preciso ter alguns cuidados na hora de optar pelo curso e pela instituição.

Muitos podem não entender o motivo que levou João Pedro a trocar a universidade pública por uma particular e a distância. Mas ele explica; "Levava quase duas horas só de ida e muitas vezes quando chegava na faculdade e não tinha aula ou tinha somente uma aula. Cheguei a ser abordado por pivetes duas vezes e os confrontei para não perder o celular. Além disso, faltava tudo no laboratório da faculdade", conta. Segundo os dados do censo, as matrículas em EaD cresceram 17,6% de 2016 para 2017.

Os estudantes de educação a distância (EaD) chegaram a quase 1,8 milhão em 2017 - o equivalente a 21,2% do total de matrículas em todo o ensino superior. Dos 3,2 milhões de novos alunos registrados no ensino superior em 2017, a maioria (2,1 milhões) optou pelo ensino presencial - aumento de 0,5% em relação a 2016. A procura por cursos a distância cresceu mais. Os ingressantes passaram de 843 mil em 2016 para cerca de 1,1 milhão em 2017 - aumento de 27,3%.

O número de cursos no país também aumentou, de 2016 para 2017, passou de 1.662 para 2.108, o que representa aumento de 26,8% - maior crescimento desde 2009, quando o país passou dos 647 cursos registrados até 2008 para 844. No total, o ensino superior tem cerca de 8,3 milhões de estudantes em cursos de graduação. Desses, 6,5 milhões estão matriculados em cursos presenciais. Ao contrário do que ocorreu nos cursos de EaD, o número de estudantes nos presenciais caiu 0,4% de 2016 para 2017.

A maior parte dos estudantes está matriculada em instituições de ensino privadas, com 75,3% das matrículas. Quando se trata apenas de EaD, essa porcentagem aumenta, as instituições particulares de ensino superior respondem por 90,6% dos estudantes.O percentual de professores formados em cursos EaD também aumentou em 2017. Segundo os dados do Censo, em 2016, cerca de 42,1% das matrículas em licenciaturas eram a distância e esse percentual passou para 46,8% ano passado. Ao todo, as licenciaturas representam 19,3% das matrículas no ensino superior.

Em relação à formação dos professores que atuam nos cursos EaD, segundo o censo, eles são, em grande parte, mestres. Enquanto na educação presencial, os professores com doutorado representam 51,1% do total, na EaD, eles representam 41,8%; outros 46,5% têm a formação até o mestrado.

A educação a distância tem conquistado também os cursos tecnológicos, com 46% do total das matrículas. Esses cursos, que podem durar dois ou três anos, são geralmente mais curtos que os bacharelados e mais voltados para a inserção no mercado de trabalho e representam 12,1% do total de matrículas no ensino superior.

A opinião dos mestres

Diretor do Colégio Pensi-Tijuca e professor do Curso QG do Enem, Eduardo Galves é totalmente a favor do ensino superior à distância. Segundo ele, além de democratizar a possibilidade do acesso ao estudantes que moram em locais de difícil deslocamento as universidades oferecem uma educação de qualidade;

"Em um país de dimensões continentais como o nosso ter a possibilidade de fazer a distância ou semi-presencial, facilita muito", afirma. Mas Galves lembra que o estudante deve estar atendo a alguns pontos de ponderação;

"A credibilidade e a qualidade da faculdade e do curso em questão precisam ser checadas. Deve-sepesquisar com seriedade sobre a universidade, se existe reconhecimento no MEC, se tem autorização para funcionar, para emitir diploma. Sugiro ainda uma pesquisa rápida que pode ser na web, em relação ao feedback de quem tenha feito o curso". O professor explica também que nem todos os cursos de formação podem ser oferecidos à distância;

"Medicina por exemplo, exige parte prática muito extensa. Engenharia mecânica também exige e não podem ser oferecidos à distância. Tem ainda o fato de algumas outras instituições, como a OAB não autorizarem o curso de graduação à distância em Direito", explica.Coordenador do Ensino Médio do Colégio Notre Dame-Recreio, no Recreio dos Bandeirantes, professor Robson Vieira também acredita que a EAD pode ser uma grande aliada à educação, e dá algumas orientações a quem quer apostar na modalidade. Segundo ele,oferecer materiais de qualidade e apoio presencial (tutores), são essenciais;

"Énecessário um mínimo de estrutura para que os cursos oferecidos sejam de qualidade. Materiais como videoaulas, CDs, DVDs, programas de rádio, televisão ou material impresso por e-mail colaboram e muito com a aprendizagem a distância. O cuidado deve estar voltado para a qualidade destes materiais", explica.

_ "A EAD é reconhecida pela sua capacidade de democratização do acesso ao conhecimento, isto é, pode alcançar lugares remotos. No Rio de Janeiro temos o bom exemplo do Consórcio CEDERJ que oferece graduações diversas pelas Universidades Públicas sediadas no estado. A USP, também expertise no assunto, oferece cursos de reconhecida qualidade desde 2008", comenta.


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