A cada mês, dois casos de intolerância religiosa ocorrem no estado do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública. Porém, um desses casos ficou sem registro. Membros de um terreiro disseram que foram atropelados por um veículo quando realizavam uma cerimônia numa esquina perto do Cemitério de Inhaúma. Apesar dos ferimentos e dos relatos de testemunhas, eles não conseguem registrar o fato na 44ª DP sob a alegação de que a placa do veículo não foi adotada.
De acordo com testemunhas, dois carros aceleraram em direção ao grupo religioso, mas apenas um veiculo conseguiu alcançá-los. Uma delas relata que no momento do atropelamento, o grupo estava cantando e batendo palmas. Mas apesar dos depoimentos, os policiais da 44ª se recusam a fazer o registro. A alegação é a de que sem o número da placa do carro envolvido no episódio não é possível registrar a queixa.
O relator da CPI da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Átila Nunes (MDB), acompanha a denúncia dos candomblecistas. Ele denunciou o fato para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI):
"A DECRADI está preparada para averiguar o caso. Os ataques motivados por preconceito estão cada vez mais agressivos e ameaçando a segurança das pessoas. Vou acompanhar de perto a investigação para garantir os esclarecimentos'', afirmou o relator da Comissão.
A 44ª DP (Inhaúma) informa que será instaurado um procedimento disciplinar para apurar a denúncia de negação do registro de ocorrência. A Polícia Civil reforça que essa não é a metodologia de atendimento a ser adotada pelos policiais das delegacias do Estado e que preza pela prestação do serviço de excelência. O delegado titular da unidade policial acrescenta que estará disponível para atender as vítimas na próxima segunda-feira (16/08), às 12 horas.
Ouça no Podcast Eu, Rio! o deputado Átila Nunes sobre o atropelamento dos religiosos.