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Sérgio Reis e Otoni de Paula são alvos de busca e apreensão da Polícia Federal

PF apura crime de incitamento à população contra a democracia via redes sociais

Por Portal Eu, Rio! em 20/08/2021 às 09:40:58

Sérgio Reis e Otoni de Paula. Fotos: Editorial de Arte/O Globo

A Polícia Federal (PF) cumpre hoje (20) mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os alvos estão o cantor Sérgio Reis e o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ). Em nota, a PF informou que o objetivo das medidas é apurar "o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes".

Os mandados, que foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, estão sendo cumpridos no Distrito Federal, além dos estados do Ceará, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Agentes da PF estiveram em endereços ligados ao cantor e ao deputado, incluindo seu gabinete na Câmara. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar disse que não vai recuar e "deixar de falar o que pensa".

A operação dividiu a opinião de políticos, que se manifestaram nas redes sociais. Entre os comentários está o do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que chamou os dois principais alvos da ação de "vítimas". Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) comemorou a operação e disse que está "chegando a vez" de Carlos Bolsonaro, também filho do chefe do Executivo.

Já o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também comentou o caso. "Antes que alguém se apresse em xingar o Supremo, foi Augusto Aras, o PGR do coração de Bolsonaro, que pediu as medidas contra Sérgio Reis e Otoni de Paula".

No sábado (14), circularam nas redes sociais um áudio e um vídeo em que Sérgio Reis convoca uma greve nacional de caminhoneiros para protestar contra os 11 ministros do STF. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que apresentaria ao Senado um pedido de impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

"Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada, nas próximas 72 horas, ninguém anda no país, não vai ter nem caminhão para trazer feijão para vocês aqui dentro. (...) Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer em 7, 8, 9 e 10 de setembro, e se eles não obedecerem nosso pedido, eles vão ver como a cobra vai fumar, e 'ai' do caminhoneiro que furar esse bloqueio", disse Reis.

Ele disse ainda que pretendia se encontrar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para apresentar uma "intimação". "Enquanto o Senado não tomar essa posição que nós mandamos fazer, nós vamos ficar em Brasília e não saímos de lá até isso acontecer. Uma semana, dez dias, um mês e os caras bancando tudo, hotel e tudo, não gasta um tostão. E se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra", completou o cantor.

A fala do cantor, que estaria organizando uma greve de caminhoneiros, foi desmentida pelas principais lideranças da categoria. O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC), Plinio Dias, disse "desconhecer as pessoas que estão ao lado dele". Segundo Dias, a preocupação dos líderes dos caminhoneiros é com as melhorias de condições de trabalho, e não com pautas políticas.

No domingo (15), durante entrevista ao influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio, Sérgio Reis chorou, defendeu Bolsonaro e disse que nunca quis agredir ninguém, e nem deseja fazê-lo agora, como publicado pela Folha de São Paulo. O cantor também voltou a convocar pessoas para a manifestação organizada por apoiadores do presidente, marcada para 7 de setembro.

A esposa de Sérgio Reis, Ângela Bavini, disse à coluna de Mônica Bergamo, da Folha, que o cantor de 81 anos está deprimido, passando mal e com uma crise de diabetes após a repercussão do caso. Após o áudio e o vídeo viralizarem, a Polícia Civil do Distrito Federal decidiu instaurar um inquérito para apurar suposta associação voltada para o cometimento de pelo menos três crimes em manifestações previstas para setembro: ameaça, dano, e "expor a perigo outro meio de transporte público".

Em nota ao UOL, a Polícia Civil do DF citou o nome do cantor, mas disse não haver previsão para o depoimento dos envolvidos. "Por se tratar de apuração em estágio inicial, o delegado que preside o inquérito policial não se manifestará sobre o caso", acrescentou.

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