Síndrome do coração partido

Apesar de ter maior predominância em mulheres no período pós-menopausa, a síndrome de Takotsubo, também conhecida por síndrome do "coração partido", pode surgir em qualquer idade e afetar também homens acima de 60 anos de idade.

Ainda com causa exata desconhecida, a exagerada liberação de adrenalina tem sido considerada como um fator central desencadeando essa síndrome. Associada a um grande estresse emocional ou físico, como a perda de um ente querido, um divórcio, um estresse cirúrgico, ou até mesmo por um momento de alegria ligado a emoções fortes, o indivíduo apresenta dor no peito e falta de ar, o que configura um infarto agudo do miocárdio.

Estresse alto e enzimas nem tanto

O cardiologista Arnaldo Rabischoffsky, responsável pelo serviço de ecocardiografia do Hospital Pró-Cardíaco, pioneiro no Brasil, em 2002, do primeiro diagnóstico diferencial do infarto agudo do miocárdio para a síndrome do "coração partido", alerta que é imprescindível descartar, logo na emergência, se o sintoma apresentado pelo paciente seja realmente de um infarto agudo. "Na síndrome de Takotsubo, o indivíduo não tem lesão nas coronárias. Ele apresenta uma anormalidade transitória na contração da ponta do ventrículo esquerdo. Simula um quadro agudo de infarto, mas no exame de sangue, as enzimas não se elevam tanto", informa o doutor.

Outra característica da síndrome é que 85% a 90% dos pacientes recupera toda a função do coração num período de três a seis meses. Geralmente, o prognóstico é favorável, embora 95% dos pacientes tenham que fazer cateterismo, para descartar um infarto clássico do miocárdio. Vale salientar, ressalta o médico, que os indivíduos que são acometidos por esta síndrome têm um defeito nos receptores adrenérgicos do coração e nem todas as pessoas têm. Por isso, essa síndrome não acontece com todo mundo. O importante, explica o cardiologista, é que "todo sintoma de dor no peito, de uma dor significativa com irradiação para o braço, um aperto no pescoço, uma dor muito forte, quanto mais rápido o tratamento, melhor a evolução e menor o tamanho do infarto".

Apesar de ser uma disfunção transitória, em alguns casos raros, esta síndrome pode ser fatal. Existem referências a cônjuges, casados durante décadas, que morreram com diferença de horas ou dias. Em dezembro de 2016, a conhecida atriz americana Debbie Reynolds, de 84 anos, morreu um dia depois da sua filha Carrie Fisher, também atriz, provavelmente pelo desgosto de amor. Afinal, a ciência comprova que, é possível morrer de "coração partido"