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Marco 27: atos homenageiam vítimas de acidente do bondinho em Santa Teresa

Manifestação marcada na Estação do Bonde contou com a participação de moradores e representantes da AMAST

Por Moura Júnior em 28/08/2021 às 07:29:36

Fotos: Redes Sociais

Neste fim de semana, a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (AMAST) promoverá uma série de homenagens às vítimas do grave acidente com um bonde superlotado e sem freio que matou seis pessoas e feriu mais 57 no tradicional bairro carioca. A tragédia ocorreu no dia 27 de agosto de 2011, na Rua Joaquim Murtinho, mas até hoje, dez anos depois, ninguém foi responsabilizado pelo caso.

Na manhã de ontem, sexta-feira (27), o ato intitulado como Marco27, marcado na Estação do Bonde, contou com a participação de moradores e representantes da AMAST. Durante a tarde, outras homenagens foram programadas. Entre elas, uma concentração na rua onde aconteceu o acidente e um cortejo com saída na Estação do Curvelo em direção ao Largo das Neves.


O historiador e vereador carioca Chico Alencar (PSOL-RJ) esteve presente na manifestação. Em um vídeo postado nas suas redes sociais, ele falou sobre a luta para revitalizar os bondes e responsabilizar os culpados.

"A nossa disposição de luta é muita, é forte. Eu hoje recebi uma sugestão para fazer na Câmara dos Vereadores e claro que é uma iniciativa simbólica, mas muito importante, o 27 de agosto como o dia municipal de defesa do bonde público de Santa Teresa... Então, nós vamos avançando, entre gestos simbólicos e luta concreta", afirmou Chico.

Ele ainda criticou a tentativa do Governo do Estado de privatizar a concessão dos bondes.

"O Governo do Estado quer privatizar o bonde e nós não aceitamos. Nós queremos o bonde público e com gestão sobre o controle da população. Um bonde que volte a ser como já foi... com 22 veículos circulando pelo bairro, que sirva pra gente ir para o Centro da cidade trabalhar e voltar. Esse é o bonde que a cidade precisa. Muitas cidades do mundo tem bondes elétricos. Claro, adequados às novas tecnologias, mas fundamentais... A gente quer o bondinhos de Santa Teresa, tão tradicionais e conhecidos, com essa característica: popular, preço acessível e sem discriminação", reforçou o vereador.


Nos anos 80 e 90, aproximadamente 16 bonzinhos circulavam pelas ruas de Santa Teresa. Atualmente, o quantitativo não chega nem na metade deste número de veículos. Além disso, o valor do bilhete custa R$20. Apenas moradores cadastrados não pagam a passagem.

Desde a época da tragédia, alguns processos judiciais sobre a responsabilidade do fato continuam em andamento. Apesar do estado ter indenizado as vítimas, o valor referente ao prejuízo causado ao Erário ainda não foi ressarcido.

Já em relação à modernização do transporte, existe uma promessa do Governo do Estado para a privatização dos bondes. Até o momento, somente a Linha Dois irmãos foi reativada e modernizada. Contudo, seus horários de circulação não atendem às necessidades de todos que vivem na região. Outro problema é a capacidade dos veículos, que é bem inferior a dos bondes centenários, inviabilizando o transporte como uma opção eficaz.

A Secretaria Estadual de Transportes (Setrans) informou que o sistema de bondes faz parte do programa de concessões Facilita RJ, que serão assumidos pela iniciativa privada nos próximos anos.

Ainda de acordo com o comunicado do Setrans, foi aberto um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que se encerrou em abril. Desse modo, duas propostas estão sendo analisadas. O projeto deve priorizar a operação, a manutenção e a recuperação e ampliação do sistema.

A Setrans ainda adiantou que a privatização trará melhorias para o serviço. Com isso, deve potencializar o comércio no bairro, já que o modelo de concessão prevê a extensão da linha principal até a estação Silvestre e a ligação do Largo dos Guimarães ao ramal da Paula Mattos. A concessionária também ficaria responsável pelas oficinas e pelo Museu do Bonde.

A diretora da AMAST, Claudia Schuch, também falou ao Portal Eu,Rio! sobre a situação dos bondes.

"Somos totalmente contrários à proposta de privatização, que inclusive seria um escárnio e um desrespeito à lei e ao sistema de justiça. Não conseguimos conceber ou mesmo entender como seria possível um bem público tombado, um sistema provedor do direito ao ir e vir do cidadão, um modal que só existe em função de 40 anos de luta da população do bairro, tudo isso junto e reconhecido por meio de sentença condenatória transitada em julgado, que responsabiliza o Estado do Rio de Janeiro pelo desmonte e descuido de sua manutenção, obrigando-o a recuperar todo o percurso de 14 km, além de repor 14 bondes e recuperar os históricos bondes, ser vendido ou concedido ao setor privado! O que temos é que dez anos se passaram e o sistema está longe de ser concluído. Entretanto, o governo já quer negociar esse direito", lamentou Cláudia.

Ela ainda destacou a importância do retorno do funcionamento de outros ramais que estão parados.

"Mais de 12.000 moradores utilizariam o ramal Paula Mattos. Hoje, eles estão se locomovendo a pé, pois o sistema de transporte por ônibus, operado por concessão à iniciativa privada, que substituiu o bonde, praticamente não existe", alertou.

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