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Vacinas mais usadas contra a Covid-19 demandam reforço para muito idosos

Pesquisa com 75 milhões de vacinados mostra queda na proteção, de até 66,4% na CoronaVac e 35,6% na AstraZeneca

Por Portal Eu, Rio! em 28/08/2021 às 14:59:34

Pessoas acima de 90 anos experimentam uma queda na proteção oferecida pelas vacinas mais aplicadas no Brasil. Foto: Agência Brasil

Ao separar os grupos de vacinados por faixa etária, os dados demonstram que há uma redução na proteção com o aumento da idade e que as duas vacinas oferecem graus de proteção diferentes com o esquema vacinal completo. Dos 80 aos 89 anos, a vacina AstraZeneca/Fiocruz teve um índice de proteção contra morte de 89,9%, enquanto a CoronaVac apresentou 67,2%. Acima dos 90 anos, esses índices ficaram em 65,4% nos vacinados com AstraZeneca/Fiocruz e 33,6% com CoronaVac. Os dados são de um levantamento com 75 milhões de vacinados, coordenado pela Fiocruz e integrado por algumas das principais instituições de pesquisa do País, como a UFRJ e a USP.

Coordenado por Manoel Barral-Netto, pesquisador da Fiocruz Bahia, o trabalho avaliou a efetividade dos imunizantes em 75.919.840 pessoas vacinadas no Brasil entre 18 de janeiro e 24 de julho deste ano. Os resultados mostram que ambas as vacinas são efetivas na proteção contra infecção, hospitalização e óbito, considerando o esquema vacinal completo (duas doses): AstraZeneca/Fiocruz, com 90% de proteção, e CoronaVac com 75%. A pesquisa também demonstrou que as duas vacinas oferecem proteção contra casos moderados e graves de Covid-19 frente às variantes de preocupação em circulação no Brasil no período da análise.


Efetividade de acordo com faixa etária

Quando a faixa etária é levada em conta, as vacinas oferecem diferentes níveis de proteção, sendo observada uma evidência de aumento, ainda que em níveis distintos, na taxa de incidência de hospitalização das vacinas de acordo com a idade. O esquema vacina completo da AstraZeneca/Fiocruz induziu um índice de efetividade de cerca de 90% em diferentes resultados até os 89 anos. No grupo acima de 90 anos, foi observada uma redução nos níveis de proteção, com uma efetividade contra óbito de 65,4%.

No caso da vacina CoronaVac, após os 60 anos observa-se uma tendência de queda na efetividade geral de 75%, evidenciada em cada década de vida analisada, sendo esta diminuição mais sensível no grupo acima dos 80 anos e alcançando um impacto ainda maior na população acima de 95 anos, onde a efetividade contra óbito cai para 33,6%.

Os dados destacam o “impacto crítico da idade sobre a efetividade de duas vacinas que empregam tecnologias diferentes”, diz o texto.

Efetividade geral após esquema completo de vacinação

Indivíduos que receberam as duas doses da vacina AstraZeneca/Fiocruz tiveram uma proteção de 72,9% contra infecção, 88% contra de hospitalização, 89,1% contra internação em UTI e 90,2% contra óbito.

Pessoas com o esquema vacinal completo pela CoronaVac tiveram um risco de infecção 52,7% menor; 72,8% menor de hospitalização, 73,8% menor de ir para a UTI, e 73,7% menor de morrer.

Submetida em forma de preprint no MedRxiv (versão atualizada com dados divulgados nesta matéria será disponibilizada em breve), a pesquisa Influência da idade na efetividade e duração da proteção nas vacinas Oxford/AstraZeneca e CoronaVac envolveu mais de 75 milhões de pessoas imunizadas, tornando-se o maior estudo realizado com os dois imunizantes e podendo servir de base para orientação de decisões de saúde pública, incluindo a necessidade de doses adicionais ou de reforço.


Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) o depoimento do coordenador da pesquisa, Manoel Barral-Netto, da Fiocruz - Bahia, sobre a importância do estudo para a adaptação das políticas de vacinação contra a Covid-19, como a aplicação de doses de reforço na população mais idosa.

“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas”, contou Barral-Netto. “A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores”.

“Considerando o atual cenário no Brasil, nossas descobertas demonstram a eventual necessidade de uma dose de reforço vacinal nos indivíduos acima dos 80 anos que receberam CoronaVac e naqueles acima de 90 anos imunizados com a AstraZeneca/Fiocruz”, diz o estudo.

Os resultados da pesquisa foram apresentados ao Ministério da Saúde e ao grupo de especialistas em vacina da Organização Mundial da Saúde (OMS). Participaram do estudo pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia); do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia); da Universidade Federal da Bahia (UFBA); da Fiocruz Brasília; da Universidade de Brasília (UnB); da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); da Universidade de São Paulo (USP); da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ); e da London School of Hygiene & Tropical Medicine.


Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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